Sabe-se que o Cerrado, um bioma que ocupa mais de 20% do território brasileiro, tem grande importância não só para as espécies animais e vegetais do país, como para a comunidade internacional. Para se ter uma ideia, segundo a ONG WWF, seu território é responsável por habitar 30% da biodiversidade do país e quase 5% de todas as espécies do mundo (837 espécies de aves, 120 de répteis, 150 de anfíbios, 1,2 mil de peixes, 90 mil insetos, 199 tipos de mamíferos, além de 11 mil espécies vegetais).
Na contramão da triste “cultura” de desmatamento do resto do planeta, o Cerrado é um dos motivos pelos quais animais em risco de extinção sobrevivem a esse grave problema. Isso acontece devido à localização de sua área, que faz conexão com quatro dos cinco outros biomas do país e que, por isso, compartilha animais e vegetações com essas regiões.
De acordo com a pesquisa desenvolvida pelo Instituto Biotrópicos, algumas áreas do Cerrado têm iniciado um processo expressivo de regeneração e sua vegetação tem voltado a crescer em locais que antes eram usados para pasto e plantações de eucalipto. Com a notícia, espécies em amortização também se beneficiam, tornando a importância de conservação desses espaços ainda maior.
Desenvolvido com a colaboração de especialistas da Zoological Society of London, University College London e Conservation International, o estudo detalha a movimentação das espécies. Inclusive, vale destacar que mamíferos foram observados, por meio de câmeras automáticas, transitando entre dois ambientes distintos (vegetação regenerada do Cerrado e vegetação que não sofreu impactos significativos nas últimas décadas).
No entanto, a pesquisa esclarece também que nem todas as áreas que estão em processo de regeneração se tornarão elegíveis para esses animais. Para que isso possa se confirmar, é fundamental que a vegetação seja protegida em sua recuperação, além do controle de queimadas e existência de animais silvestres, para que essas áreas se transformem em espaços com habitats favoráveis à biodiversidade.