orca Tilikum
Crca Tilikum. Foto: Reuters

Narrando a história da orca Tilikum, que atacou e matou a treinadora Dawn Brancheau, no SeaWorld de Orlando (Flórida), no dia 24 de fevereiro de 2010, o documentário Blackfish tem causado polêmica nos Estados Unidos. Dirigido por Gabriela Cowperthwaite, o filme aborda os efeitos negativos provocados pela criação de animais em cativeiro e o adestramento para a realização de espetáculos, isto é, práticas muito comuns em parques aquáticos.

A cineasta costumava frequentar os shows com suas duas filhas e cobriu o incidente envolvendo a baleia Tilikum. A partir daí, Gabriela passou a investigar as instalações e procedimentos do conjunto de 11 parques temáticos em território norte-americano, investigando as razões que motivaram a orca de sexo masculino a demonstrar comportamento agressivo.

De acordo com os levantamentos da diretora, o mamífero marinho foi capturado na Islândia em 1983, estrelou o filme Free Willy, porém, se envolveu nas mortes de duas pessoas em 1991 e 1999. Entretanto, exibindo cenas de ataques de cetáceos a treinadores, o documentário ressalta que os animais são pegos ainda filhotes, armazenados em módulos pequenos e separados de seus pais ainda muito jovens, fator que impede o desenvolvimento natural dos bichos.

“Foi a pior coisa que eu já fiz”, relata um pescador, enquanto imagens de uma pequena orca içada são exibidas. O Blackfish ainda aponta áreas portuárias com pequenos tanques relativamente pequenos cheios de água e gelo em que as baleias são estocadas até serem encaminhadas para os parques ou zoológicos.

“Não é um caso isolado”, aponta Ric O’Barry, responsável pelo treinamento dos golfinhos da série Flipper, da década de 60. Fundador do Dolphin Project (Projeto Golfinho, do inglês), O’Barry pede que o mundo todo deixe de explorar os animais, uma vez que o confinamento e as práticas de condicionamento de comportamento ocasionam estresse, agressividade e um dano chamado de colapso da barbatana dorsal, no caso dos machos, condições estas que reduzem a expectativa de vida do mamíferos.

Tais efeitos colaterais são causados devido à reclusão dos bichos em espaços curtos, uma vez que as orcas são acostumadas a nadar aproximadamente 160 quilômetros no oceano. “Depois de tanto tempo confinadas nesses tanques, eu pensei que as orcas houvessem encontrado uma maneira de ser uma família feliz, mas é o oposto disso”, constata Cowperthwaite.

orca Tilikum
Foto: Divulgação

Para a produção do documentário, foram investidos cerca de US$ 76 mil e o filme já arrecadou 2 milhões de dólares em bilheteria. Cotado para concorrer ao Oscar anteriormente, Blackfish – Fúria Animal já foi exibido no Sundance Film Festival 2013 (EUA) e no Rio de Janeiro Int’l Film Festival (Brasil), e será lançado no Brasil, em DVD e Blu-ray, no dia 21 de março.

Além disso, o vídeo tem causado prejuízos à imagem do SeaWorld, fazendo com que artistas como Willie Nelson, The Beach Boys e Pat Benata cancelassem seus show nos parques temáticos.

Em nota, o SeaWorld afirma que “o filme pinta um retrato distorcido”, pois, o parque destina milhões de dólares anualmente para programas de pesquisas científicas e de conservação, e “mantém compromisso para garantir a segurança dos membros de sua equipe, dos visitantes” e cuidados com o bem-estar de seus animais”. Assista ao trailer do documentário: