Foi divulgado no começo de dezembro uma notícia bastante preocupante: após um estudo publicado na revista “Plos One”, foi descoberto que a população de abelhas e outros importantes insetos polinizadores estão diminuindo em todo o mundo.
Esse problema fez com que cientistas entrassem ainda mais a fundo no tema e desenhassem dois cenários: um pessimista e outro otimista, para assim conseguir calcular quais impactos negativos o cenário traria para agricultura com base na dependência da polinização para a eficácia da plantação e quais soluções seriam cabíveis para acabar com essa ameaça.
Possíveis causas do problema
O principal motivo para isso acontecer é devido aos insetos polinizadores possuírem um grande valor de mercado, chegando a representar 68% da totalidade da agricultura do país. Ainda segundo os cientistas, os impactos causados na economia da agricultura familiar seriam causados também pela falta desses insetos.
Os autores dessa pesquisa deixam claro que o principal fator para essa redução é o modo em que os agricultores estão utilizando a terra, ou seja, a mudança das grandes áreas de florestas ou matas nativas em monocultura. Existem ainda outros fatores, como as mudanças climáticas, que fazem com que alguns polinizadores não sobrevivam às altas temperaturas e ambientes secos, e o uso excessivo de inseticidas.
Graves prejuízos
Após o estudo, os pesquisadores de Minas Gerais e do México constataram que o Brasil poderá ter um prejuízo de até 49 bilhões caso essa situação não se estabilize, equivalendo a aproximadamente 51 milhões de toneladas de produtos agrícolas perdidos.
Existem alguns produtos que possuem um alto grau de dependência da polinização, os moderados, baixos e o que não dependem desses insetos para a sua produção. Por exemplo, o café e o melão necessitam bastante da polinização, já a cana-de-açúcar, milho e arroz podem se desenvolver pelo vento, água e até mesmo através da autopolinização.
Medidas para reverter o problema
“Uma das soluções que já está sendo desenvolvida há tempos por ambientalistas é manter junto da propriedade agrícola uma área com mata nativa, fazendo com que esses insetos sejam preservados”, explicou Cássio Nunes, doutorado da Universidade Federal de Lavras e um dos autores do artigo, ao jornal Folha de S. Paulo.
Em contrapartida existem algumas preocupações, uma vez que as abelhas podem trazer pragas para as plantações, mas ainda não existe no mercado nenhum inseticida que não agrida as abelhas e outros polinizadores, segundo Osmar Malaspina, um dos maiores especialistas do país no assunto.
Ele ainda ressalta que a utilização indevida desses produtos tóxicos contribui significativamente para o desparecimento das abelhas, o que preocupa os próprios fabricantes que estão tentando criar um defensivo que não afete esse tipo de inseto.
Outra solução proposta pelos autores do estudo é impulsionar a utilização da agricultura orgânica. O problema é que o alto custo dessa forma de cultivo torna essa ideia bastante inviável, assim como a total abolição do uso de agrotóxicos.