As mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento global se colocam entre os maiores problemas enfrentados pela humanidade, ameaçando até mesmo sua existência.
Para a biodiversidade do planeta o problema é ainda maior, pois são poucos os animais que tem a mesma adaptabilidade ao clima que os humanos.
Observamos melhor os efeitos das mudanças climáticas com os animais vertebrados, a exemplo do que ocorre com a diminuição do habitat dos ursos polares devido ao derretimento do gelo do Ártico. No caso dos invertebrados, o fenômeno é menos observado e tem menor atenção do público e dos estudiosos, embora representem 97% das espécies viventes no planeta.
Entre os invertebrados, os insetos são o grupo com maior diversidade entre os animais, estima-se que existam de 5 a 10 milhões de espécies diferentes, sendo que são conhecidas pela ciência cerca de 1 milhão destas espécies.
Os insetos considerados prejudiciais têm merecido mais atenção das pessoas por transmitirem doenças ou prejudicar as construções ao devorarem madeira ou destruírem colheitas. Mas, na realidade, a grande maioria das espécies de insetos é benéfica para os seres humanos e ao meio ambiente, já que polinizam as flores e servem de alimento a inúmeras espécies de pássaros e mamíferos.
Os insetos são fundamentais para o equilíbrio dos diversos ecossistemas terrestres. Se deixarem de existir, a vida tal qual a conhecemos poderia também deixar de existir.
Em 2017, um estudo publicado na revista Plus One, na edição de 18 de outubro de 2017, liderado pelo pesquisador Caspar Hallmann, observou uma diminuição de 82% no número e peso dos insetos capturados nas armadilhas em 63 reservas naturais na Alemanha, em comparação com os dados de 27 anos antes.
Na pesquisa publicada em 31 de agosto escrita na revista Science, na edição 6405, vol. 361, sob a liderança de Curtis A. Deutsch, os pesquisadores analisaram como as mudanças climáticas afetam os insetos, advertindo que há uma progressiva diminuição desses animais tropicais como consequência do aquecimento global.
Os pesquisadores Bradford Lister e Andrés Garcia publicaram em outubro do ano passado um artigo na revista PNAS, identificando quedas na abundância de artrópodes causadas pelo clima e que provocam a reestruturação de toda a cadeia alimentar da floresta tropical.
Compararam os dados atuais de biomassa dos invertebrados da floresta nacional de El Yunque, em Porto Rico, com os dados obtidos durante a década de 70, e descobriram que a biomassa da região havia diminuído em 60% em menos de meio século. Em consequência, o número de lagartos, rãs e aves, que se alimentam dos insetos, diminuiu substancialmente na região, fato que relacionaram com o aquecimento global.
Concluíram, que o colapso da floreta se deve ao incremento das temperaturas com um aumento de 2,2 oC nos últimos 30 anos.
De acordo com o estudo, outras das razões da extinção de determinados insetos é a perda de habitat, porque o ser humano está transformando florestas e pradarias em campos de cultivo, rodovias e assentamentos urbanos.
Um exemplo dos desajustes que provocam na natureza as mudanças climáticas é o que ocorre com as mariposas, que é um dos grupos de insetos mais conhecidos, pois se tem informações sobre sua distribuição geográfica e períodos de seu aparecimento. O aquecimento global faz com que as larvas apareçam antes do que normalmente ocorre e algumas dissociam seu ciclo vital ao das plantas das quais se nutrem.
Se uma planta floresce antes ou depois de que se alcance o máximo populacional da espécie de inseto com os quais se encontra ajustada em uma região, os efeitos podem ser uma diminuição na capacidade de reprodução. O descompasso entre os ciclos da planta e do inseto pode ser catastrófico para algumas espécies, especialmente, aquelas que dependem da polinização feita por esses animais.
Os insetos formam parte da maioria das cadeias alimentares dos seres vivos. Comem e são comidos por outros animais, consomem plantas, decompõe restos vegetais e animais, ajudam a dispersão de pólen e sementes, entre outros benefícios.
Entre os muitos problemas causados pelo aquecimento global se deve acrescentar esse que é alarmante, pois sem os insetos teríamos poucas possibilidades de existência.