Estima-se que uma em cada oito espécies de aves em todo o mundo esteja ameaçada de extinção. No Brasil, a situação é tão crítica que o país figura no ranking dos cinco países que mais possuem aves ameaçadas. Ao todo, a lista conta com mais de 40 espécies.
A ave jacutinga, que habita as florestas virgens das regiões Centro Oeste e Sudeste do Brasil, é um exemplo de animal em extinção. Com cerca de 75 cm, a ave que se alimenta, basicamente, de frutos – estudos apontam que a espécie passa dias seguidos em árvores com grande quantidade de frutos e percorre rotas pré-determinadas para as árvores frutíferas preferidas, como os palmiteiros -, corre o risco de desaparecer.
Isso porque, com a intensificação do desmatamento e, também, da caça predatória, o número da população foi reduzido drasticamente. Estima-se que aproximadamente 50 mil jacutingas no vale do Rio Itajaí (SC) foram vítimas da caça, em apenas algumas semanas durante o inverno de 1866.
Além dos problemas citados acima, a exploração de palmiteiros é considerada, também, uma das principais causas da extinção. Isso porque é dessa árvore que vem o principal alimento do animal. Mesmo que a jacutinga não dependa totalmente desses frutos, muitas aves morrem pela falta deles.
Programas de reprodução em cativeiro
Com o avanço dos conhecimentos biológicos e da tecnologia, a ave foi introduzida em diversos programas de reprodução em cativeiro – que visam a reintrodução sistemática dessas aves na natureza. Neste sentido, as principais populações da espécie encontram-se no contínuo florestal formado pelos Parques Estaduais Intervales, Carlos Botelho e Alto Ribeira, em São Paulo.
Além disso, ainda é possível encontrar espécies em algumas regiões, como Ilhabela, Paraná e Santa Catarina, bem como no Paraguai e, principalmente, na região de Misiones, na Argentina.
Apesar das ações já citadas, de acordo com especialistas, é preciso ir além para garantir a segurança dessas aves. Dessa forma, seria necessário uma ação conjunta da sociedade, poder público e órgãos responsáveis pela natureza. Dentre as ações para assegurar a evolução da espécie, estão:
• Criação de mais reservas ecológicas e preservação das áreas extensas de mata úmida;
• Aumento da fiscalização contra caçadores e desmatadores ilegais;
• Início e implementação de campanhas de educação ambiental;
• Substituição do uso do palmito-juçara na alimentação humana por opções mais ecológicas, como o palmito-pupunha e a palmeira-real-australiana, de modo que não afete a alimentação da ave jacutinga;
• Repovoação das populações de palmito-juçara em áreas onde ele está em baixa quantidade, como na Serra do Mar.