Peixe-bruxa
Foto: amigosdojoe

A biodiversidade do planeta Terra sempre nos surpreende, e apesar de termos um vasto rol de descrições de espécies diferentes de seres vivos – incluindo microrganismos, plantas e animais que somam um total de 1,75 milhão de espécies – pesquisadores estimam, nas hipóteses mais otimistas, que este número representa apenas 30% das formas de vida existentes no planeta.

E uma das espécies mais estranhas, porém curiosa, é a dos peixes bruxa, também conhecidos como Myxini. São animais marinhos que vivem em águas frias ou temperadas, encontrados apenas nas profundezas das águas do norte e sul do Oceano Atlântico e Oceano Pacífico. Os peixes bruxa têm hábitos noturnos e vivem enterrados em fundos de lodo, alimentando-se de peixes mortos ou do fígado de peixes doentes. As fêmeas produzem de 20 a 30 ovos de 20 a 25 milímetros de diâmetro.

Os peixes bruxas possuem na boca dois pares de tentáculos e uma placa de cartilagem com dois dentes em forma de pente no lugar da mandíbula – o que não os permitem morder – e uma língua raspadora.

A boca do peixe bruxa não possui função respiratória; eles têm um canal localizado do lado esquerdo do corpo que vai até a parte anterior da cabeça por onde passa a água e chega até o órgão olfativo médio e depois para a câmara branquial, onde ocorrem as trocas gasosas entre o sangue ou linfa (fluído transparente rico em lipídios) e a água.

Seus corpos são cilíndricos e se parecem com enguias; são reforçados internamente por um conjunto de barras de cartilagem. Não possuem barbatanas nem escamas, mas sim uma pele totalmente lisa com diversas glândulas de proteína, e seu sistema circulatório inclui vários corações venosos.

Para se defender dos predadores, a estratégia do peixe bruxa é liberar um muco viscoso através destas diversas glândulas de proteína espalhadas por seu corpo, o que torna sua captura muito mais difícil e escorregadia, podendo causar até asfixia em seu predador.

O muco liberado por essa espécie está levando cientistas a estudarem a possibilidade de produzir artificialmente em laboratório as proteínas encontradas nos peixes bruxa para aplicar suas propriedades em roupas esportivas e coletes de proteção contra armas. Entretanto uma das dificuldades é que suas glândulas só se produzem em seu habitat natural.

Peixe-bruxa
Foto: ufrgs

O valor culinário deste tipo de peixe no mundo é relativamente baixo, a não ser no Japão, porém eles se encontram entre as espécies de peixes em extinção devido à pesca em excesso por causa de sua pele forte e macia, com grande procura no mercado internacional. Hoje são conhecidas 76 espécies de peixes bruxa, sendo que 1 está criticamente ameaçada de extinção, 2 estão ameaçadas, 6 estão vulneráveis à extinção e 2 estão quase ameaçadas de extinção. Outras 30 espécies deste peixe estão na lista vermelha da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) com dados insuficientes para avaliação dos riscos.

O papel desempenhado pelos peixes bruxa no ecossistema marinho é de extrema importância. Além de ajudarem a manter saudável o ecossistema oceânico, auxiliam no processo de manter abundantes as diversas espécies de peixes que são explorados comercialmente, ao criarem um ambiente mais rico para o desenvolvimento de outros peixes em áreas de pesca intensa.