Conhecido como maior canídeo nativo da América do Sul, o animal se alimenta de pequenos animais, como roedores e tatus, além de frutos variados do Cerrado, e conta com uma população total de mais de 23 mil animais. Deste número, 21 mil encontram-se no Brasil, mais de 800 no Paraguai, de 600 na Argentina e de mil na Bolívia. E é justamente no país onde há a maior população, que o animal corre o risco de desaparecer.
No Brasil, o animal figura na lista de animais ameaçados de extinção realizada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), com estado de conservação vulnerável. Isso porque, estudos revelam que há uma grande possibilidade do animal estar extinto em 100 anos. Já de acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, sigla em inglês), o animal está na lista vermelha de animais quase ameaçados de extinção.
A posição do animal nas conhecidas como red lists é reflexo da dizimação da sua população devido a ações humanas, que envolvem a utilização de seu habitat natural para agricultura e criação de gado. Além disso, muitos dos animais são vítimas de atropelamento, já que por ser um animal solitário, normalmente circula por grandes campos e estradas em fins de tarde e durante as noites. Um projeto do Instituto Brasília Ambiental registrou 141 atropelamentos na região da Reserva da Biosfera do Cerrado. Desse total, 26% eram animais domésticos, e 104 espécimes silvestres – 43,3% de aves, 33,7% de répteis e 23% de mamíferos, incluindo lobos-guará.
Os problemas também são ocasionados pela caça do animal. Isso porque, sua pele é altamente valorizada em países como a Argentina e seus olhos e sua cauda são utilizados como amuletos em outras regiões. A caça acontece, também, por parte dos cães domésticos, que tendem a perseguir e matar a espécie quando a reserva é muito próxima de uma área urbanizada.
Com tantos problemas envolvendo o lobo guará – das mais diferentes formas –, especialistas acreditam que é preciso incentivar pesquisas sobre a espécie e direcionar ações que garantam a sua existência. No Brasil, Paraguai e Bolívia a caça é proibida, mas apesar da lei, como mencionado acima, o problema ainda persiste.
É importante lembrar que esse tipo de animal não pode ser alocado em cativeiros. Isso porque um casal de lobos guará precisa de uma área que vai de 30 a 110 km² para sobreviver. Caso ele não possa percorrer uma área grande como essa para andar, correr e caçar, os músculos atrofiam, já que a espécie possui longas pernas. Além disso, há estudos que indicam que muitos animais morreram por depressão por não poderem se mover.
Neste sentido, acredita-se que com uma ação conjunta dos países que tem população da espécie em seu território, as políticas públicas poderiam ser melhoradas, bem como a fiscalização, e, talvez, mais direcionadas a conservação dos ambientes em que os lobos vivem. Dessa forma, os problemas diminuiriam, o que poderia tirar a espécie da lista vermelha da ICMBio.