Galileu Coelho Corujinha caburé-de-pernambuco (Glaucidium mooreorum).

Aos poucos, a fauna brasileira vai sendo prejudicada cada vez mais pelo desmatamento. Três aves originárias da Mata Atlântica do nordeste foram consideradas extintas recentemente. O levantamento foi obtido a partir de pesquisas de especialistas brasileiros e estrangeiros que resultaram no estudo “Status global de aves silvestres ameaçadas no nordeste do Brasil”, publicado na revista científica “Papéis avulsos de zoologia”, da Universidade de São Paulo (USP).

Segundo os cientistas, as espécies não foram vistas e nem tiveram registros oficiais durante um longo período de tempo, o que motivou a decisão pela extinção. As espécies perdidas são: corujinha caburé-de-pernambuco (Glaucidium mooreorum), gritador-do-nordeste (Cichlocolaptes mazarbarnetti) e o limpa-folhado-nordeste (Philydor novaesi).

Doutor em Ciências Biológicas pela USP, Luís Fábio Silveira, explicou que a perda dessas aves leva a um desequilíbrio ambiental. “As aves podem ser importantes para a polinização de flores, dispersão de sementes, controle de pragas e até estarem envolvidas em relações ecológicas com outros animais. Esse ciclo, ao ser interrompido, gera um desequilíbrio do meio ambiente”, afirmou em entrevista ao informativo oficial da Fundação Grupo Boticário.

Ainda segundo ao estudioso, o principal motivo para o desaparecimento dos animais é o desmatamento. “Fatores como o avanço das usinas de álcool, bastante comuns no nordeste, a poluição, as queimadas e a caça de animais silvestres prejudicaram muito os ambientes naturais nativos da Mata Atlântica nordestina, especialmente no Centro de Endemismo de Pernambuco (CPE). Acompanhamos as florestas ficarem cada vez menores e o número de indivíduos, dessas três espécies, diminuir até praticamente desaparecerem por completo”, disse Silveira.

Dentre as atividades que visam frear o desmatamento e, consequentemente, a extinção de animais, a criação de novas Unidades de Conservação e a educação ambiental às comunidades em torno das áreas protegidas são cruciais, uma vez que restam apenas 2% de pequenos fragmentos da Mata Atlântica nordestina.