Cientistas e ambientalistas comemoraram sempre que avistam um tubarão Alopias vulpinus, popularmente conhecido como tubarão raposa, em uma remota ilha das Filipinas. Tanta empolgação deve-se à raridade deste evento, já que é bastante difícil ver este animal nadando em mar aberto, já que está bem perto da extinção.
Infelizmente, o tubarão raposa não está sozinho em sua luta por sobrevivência. Estima-se que, como consequência da pesca predatória, mais de 100 milhões de tubarões sejam mortos a cada ano (ou aproximadamente 11 mil tubarões a cada hora), fator que coloca em risco dezenas de espécies.
Culturalmente, estes grandes predadores dos mares são enxergados como verdadeiros vilões, o que prejudica as ações em prol de sua preservação. Das 480 espécies de tubarões existentes no mundo, apenas três são responsáveis pela maioria dos acidentes fatais: o tubarão-branco (Carcharodon carcharias), o tubarão-tigre (Galeocerdo cuvier) e o tubarão-cabeça-chata (Carcharhinus leucas).
Mesmo estes incidentes podendo ocorrer, sua frequência é extremamente pequena e, de forma alguma, não poderia justificar qualquer tipo de ação contra os animais. Segundo especialistas, a chance de uma pessoa que vai à praia morrer por um ataque de tubarão é menor que uma em 264 milhões.
Além da visão equivocada quanto à periculosidade, algumas práticas específicas de pesca têm dificultado ainda mais a vida dos predadores marinhos. A mais conhecida delas recebe o nome de finning (barbatana, em inglês). Nela, os animais são retirados do mar e têm suas barbatanas cuidadosamente cortadas. Em países como a China, a barbatana de tubarão é considerada uma iguaria. A prática é proibida no Brasil e em outras localidades, como os Estados Unidos e os países da União Europeia.
A falta de consciência neste crescente processo eliminação de tubarões nos oceanos do mundo é gigantesca. Pescadores, comerciantes e demais responsáveis por esta tragédia ambiental certamente não compreendem o impacto causado pela diminuição de um predador que está no topo da cadeia alimentar. Os danos ambientais, que já podem ser observados em algumas regiões, são inevitáveis, com o desequilíbrio em outras populações de animais marinhos capaz de colocar várias espécies em risco.
Um dos símbolos do processo de extermínio dos tubarões, o tubarão raposa, que pode chegar aos 5,5 metros de comprimento e é conhecido por sua longa e fina cauda, transformou as águas da remota ilha Malapascua, nas Filipinas em uma espécie de santuário. Ali, seus remanescentes podem nadar com relativa tranquilidade, longe dos pescadores.
Há cinco anos, o pesquisador britânico Simon Oliver criou no local o Projeto para Estudo e Conservação do Tubarão Raposa, que se encarrega de estimular a preservação e observar o comportamento do predador.