A construção civil tem uma indiscutível importância para o desenvolvimento do país, sendo apontada como uma das principais molas propulsoras da economia. No Brasil 63% da formação bruta de capital fixo e 15% do Produto Interno Bruto (PIB) estão ligados à construção civil, que movimenta cerca de 400 bilhões de reais por ano e emprega mais de dois milhões de trabalhadores diretamente.
Acompanhando este nível, a construção civil é considerada um dos setores que mais impactam negativamente o meio ambiente, seja no uso dos recursos naturais, seja na poluição ou no desperdício de materiais. Esse setor consome aproximadamente 67% da madeira natural extraída em todo o mundo, além disso, a fabricação do cimento é responsável por 8% do total de emissões dos gases do efeito estufa, de acordo com o Greenhouse Gas Protocol (GHG Protocol) – uma ferramenta internacional utilizada para quantificar e gerenciar as emissões destes gases no planeta.
O setor tem vivido uma época favorável com valorização de profissionais da área, expansão do mercado e aumento dos ganhos, e também está atento às demandas atuais, como as questões ambientais que têm preocupado a sociedade e organizações em todo o mundo.
O uso de tintas sem solvente e de ecomateriais, diminuição do desperdício de água e energia elétrica, e uso consciente de madeira são ações que pouco a pouco começam a ser implementadas pelas organizações no ramo da construção civil. Além destas, as obras sustentáveis aproveitam os recursos naturais renováveis disponíveis – iluminação natural e clima –, contemplam áreas para coleta seletiva de lixo e utilizam tecnologias biocompatíveis .
Além disso, as inovações no setor começam muito antes de a ideia sair do papel, como na:
• Gestão da obra: em que são feitos estudos de impacto ambiental, análises do ciclo de vida dos materiais utilizados, planejamento sustentável e aplicação de critérios para manutenções e reformas;
• Eficiência energética: com a racionalização no uso da energia elétrica obtida por meios convencionais e o aproveitamento das fontes de energia renováveis (como a solar e eólica), bem como o uso de dispositivos para conservação de energia;
• Gestão e economia da água: com o uso de sistemas e tecnologias que auxiliem na redução do consumo, no reuso e recirculação da água usada para fins não potáveis, aproveitamento da água da chuva;
• Gestão de materiais: para a redução e possível eliminação do uso de materiais condenados, que prejudicam o solo, água e ar, como amianto, chumbo e policloreto de vinil (PVC).
• Gestão de resíduos gerados pelos usuários: com a criação de áreas para coleta seletiva de lixo, a correta destinação e descarte apropriado e reciclagem de materiais;
No Brasil algumas organizações destinam parte dos resíduos de sua obra para construções populares, o que possibilita a substituição de matérias-primas tradicionais por ecoprodutos. Estas ações estão sendo incentivadas também no setor público através das licitações relacionadas à construção civil; o estudo dos critérios de concorrência está sendo realizado e as mudanças nas regras para as compras do governo têm grande potencial para estimular o desenvolvimento de novos produtos mais econômicos e ecologicamente corretos. Como normalmente são adquiridos em grande quantidade, o benefício ao consumidor e aos fornecedores faz girar a economia e promove a concorrência entre as empresas e um preço mais acessível ao cliente final.