A intervenção cultural pode ser considerada, se não uma das estratégias mais inteligentes, uma das formas mais interessantes de gerar reflexão e, consequentemente, impacto social a respeito de questões do meio ambiente. Seguindo essa ideologia, o conceituado artista italiano Lorenzo Quinn decidiu inovar, visando a conscientização das pessoas em torno do aquecimento global e suas consequências para o planeta.
Trata-se da nova escultura monumental, um tanto quanto exótica, criada pelo artista para a Bienal de Arte de Veneza 2017. A obra, que tem atraído turistas para esse trecho da cidade, chama atenção por retratar duas mãos maciças saindo de um dos belos canais (Grand Canal) de Veneza para – literalmente – apoiar um hotel.
Em entrevista para a Halcyon Gallery, Lorenzo contou que o fato de a “cidade de arte flutuante” ser fonte de inspiração para inúmeras culturas por vários séculos, faz com que a geração atual e as próximas deem sequência ao seu legado, já que as mudanças climáticas e a decadência do tempo colocam sob ameaça a integridade de Veneza – Patrimônio Mundial da UNESCO.
Para explicar sua criação, o italiano conta que procurou causar reflexão nos dois lados do ser humano (criativo e destrutivo), através da abordagem feita em sua capacidade de fazer mudanças e reequilibrar o mundo com base nelas. O gesto feito com as mãos está ligado tanto à ideia de esperança, na expectativa de manter o prédio acima do nível da água, como o do medo, em tornar explícito a fragilidade da situação.
A escultura monumental foi construída em apenas três semanas, na oficina do italiano que fica na Espanha. Na sequência foi transportada até a pequena cidade da região norte da Itália. A obra é feita de uma espuma de poliuretano coberta por uma resina e quatro pilares, atingindo 30 metros de profundidade do Grand Canal.
Atendendo a pedidos, o artista já confirmou a intenção de fazer uma turnê com sua grande obra em outras cidades que também sofrem com os efeitos das mudanças climáticas do planeta.