Diante dos atuais dilemas ambientais causados pelo modelo consumista exacerbado ao longo dos anos, cabe a todos os indivíduos a responsabilidade de lutar pelo futuro das próximas gerações. A economia dos recursos naturais começa em casa, ainda mais quando ela é planejada para reduzir os gastos energéticos e o consumo de água potável. Mas, como ter uma casa sustentável?
Antes de construir ou reformar contrate um profissional habilitado, os arquitetos são responsáveis por criar espaços para a sociedade, são preparados para projetar residências que oferecem conforto ambiental térmico, acústico e ergonômico, sabem calcular o movimento solar para posicionar corretamente o local das janelas, portas e etc., reduzindo a necessidade de climatização e iluminação artificial, aproveitando a ventilação e a luz natural para gerar sistemas passivos de condicionamento térmico e boa qualidade de iluminação.
Veja algumas iniciativas arquitetônicas para construir habitações sustentáveis:
Consumo de Energia
Segundo o levantamento do Balanço Energético Nacional – BEN, realizado em 2011, as residências consomem 9,4% da energia produzida, entre os anos de 2010 e 2011 houve uma redução de 1,3% no consumo energético. Já o impacto gerado pela construção civil é avassalador, quase 40% do uso de combustíveis fósseis mundiais são ligados á construção civil.
Arquitetura Bioclimática
Como já citado, o condicionamento térmico natural no interior das residências consome menos energia, já que diminui ou exclui a necessidade de aparelhos de ar condicionado para controlar a temperatura nas habitações. Os arquitetos utilizam técnicas da chamada “arquitetura bioclimática” que explora a ventilação cruzada, para amenizar o clima e higienizar os ambientes, e recursos de sombreamento e incidência solar, que podem diminuir ou aumentar a temperatura ambiente conforme a necessidade.
A iluminação natural é outro fator importante que contribui na redução da energia doméstica, é preciso posicionar as janelas e outras aberturas para aproveitar o máximo da luz do dia, sem que necessariamente os raios solares aqueçam o ambiente.
Telhado Verde
Os telhados verdes ou terraços jardins estão presentes desde as primeiras civilizações com os Jardins Suspensos da Babilônia, construídos pelo rei mesopotâmio Nabucodonosor II, mas ganharam destaque na modernidade com os cinco pontos da arquitetura propostos pelo arquiteto e urbanista francês Le Corbusier. O fato é que o telhado verde é uma excelente técnica para controlar o clima das edificações, pois protege as estruturas contra a ação direta dos raios solares e dos ventos intensos e ainda: retém e filtra as águas das chuvas que podem ser direcionadas para sistemas de coleta, cria espaços de lazer nas coberturas e melhora visualmente as edificações.
Aquecedores e Placas Solares
O chuveiro elétrico é um dos aparelhos que mais gasta energia e com os chuveiros a gás não é diferente. Ambos são prejudiciais ao meio ambiente e demandam um custo mensal contínuo. Em algumas regiões do Brasil é possível instalar o sistema de aquecimento solar que aproveita um recurso natural, não poluente, para aquecer e armazenar a água do chuveiro. Apesar do custo de instalação do sistema ser superior aos demais, o sol não cobra pela energia fornecida, compensando financeiramente e ambientalmente à longo prazo.
Outro sistema ainda pouco explorado são as placas solares, que ao invés de usar o sol para aquecer a água, como o aquecedor solar, aproveita a energia solar para gerar energia elétrica.
Economia de água
Apesar de o Brasil deter 12% das reservas de água doce do planeta, 70% destas estão concentradas na Bacia Amazônica, outras se encontram em lençóis freáticos pouco explorados e muitos rios brasileiros estão poluídos, não sendo possível o consumo desta água. A distribuição de água no território brasileiro é irregular, enquanto cidades são inundadas pelo alto volume de chuva, outras sofrem com a falta de água. Na região do nordeste brasileiro boa parte da água subterrânea tem índices de salinidade superior ao aprovado para o consumo humano.
Captação de Água Pluvial
A captação da água das chuvas é uma prática comum entre as famílias nordestinas do semiárido, diversos programas governamentais incentivam a instalação de cisternas de captação pluvial, sendo esta a única fonte de recursos hídricos em alguns casos.
Nas cidades onde existe o abastecimento público de água potável, os sistemas de reaproveitamento de água pluvial são utilizados para reduzir o desperdício de água tratada e permitir o armazenamento pluvial a fim de evitar enchentes. A água pluvial captada abastece os vasos sanitários, é usada na lavagem de calçadas, carros e irrigação de jardins. Os sistemas de captação pluvial podem economizar 60% do consumo de água tratada residencial. A instalação pode ser feita em obras em andamento ou em projetos já executados, o investimento da instalação é custeado em poucos anos, já que a economia na conta de água é significativa.
Reuso de Água Cinza
Trata-se de um processo de captação, tratamento e reutilização das águas provenientes das torneiras sanitárias, banhos e lavagem de roupas. Esta água é classificada como “água cinza” permitindo seu reuso para as descargas sanitárias, lavagem de áreas externas e automóveis e irrigação de áreas verdes, assim como ocorre no sistema de captação pluvial, gerando a mesma economia doméstica de água tratada, porém, reduz o volume de esgoto produzido.
Vasos sanitários com caixa acoplada
Os vasos sanitários são os maiores responsáveis pelo desperdício doméstico de água potável, a cada descarga de um vaso comum, 30 litros de água tratada são jogados no esgoto, para reduzir o volume de água necessário para evacuar os resíduos do vaso sanitário a solução é instalar vasos com caixa acoplada que gastam metade do volume das descargas comuns. Modelos super econômicos de vaso sanitário com caixa têm ainda a opção de usar 3 litros de água para urina e 6 litros de água para as fezes. A economia financeira é proporcional a de água, em torno de 16%. Se a água utilizada nas descargas for pluvial ou água cinza a economia e os benefícios ambientais serão ainda maiores.
Torneiras com Sensor e Arejadores
As torneiras com sensor são uma boa fonte de economia de água tratada, já que só gastam água quando algum objeto se posicionar a frente do sensor, evitando manter as torneiras abertas durante a escovação dental, por exemplo.
Os arejadores são peças pequenas instaladas nas torneiras para introduzir bolhas de ar junto com a água, que tem duas funções: economizar água e evitar que a água se espalhe. Quando este aparelho é instalado a água desliza suavemente sobre as superfícies evitando que ela se espalhe desnecessariamente.
Ainda existem as iniciativas para habitações sustentáveis que são planejadas, desde a implantação da residência, ao seu uso e eventual demolição, como a utilização de sistemas e materiais de construção que causam menor impacto ao meio ambiente.