As grandes cidades do mundo precisam de mais parques, isto é uma realidade que não tem como negar. Mas como construir em megalópoles abarrotadas de prédios, casas e comércios? A solução, pelo menos em Nova York, é utilizar algumas das estações de metrô mais sujas e caóticas da cidade como espaços verdes e arborizados. Em Delancey Essex, por exemplo, passa grande parte dos quase cinco milhões de usuários diários deste meio de transporte público, e lá existe um grande tapume pichado e abandonado com mais de quatro mil metros quadrados.
A ideia é justamente utilizar esta área para construção do primeiro parque subterrâneo do mundo. Esta proposta recebeu o nome de Lowline, uma referência bem-humorada à passarela suspensa e arborizada da cidade, o Highline.
Como surgiu a ideia?
O arquiteto James Ramsey, no ano de 2009, tinha como objetivo tornar Nova Iorque uma cidade mais verde. Foi então que descobriu a existência deste espaço, dentro do metrô de Delancey Essex, e que serviu como estação de ônibus entre 1908 e 1948, mas que estava desativada desde então. Mas se já tinha encontrado o local ideal para construção do parque subterrâneo, outro desafio apareceu: como as plantas vão sobreviver sem a luz do sol?
Neste ponto, a experiência como ex-funcionário da agência espacial americana (NASA) foi essencial para que Ramsey criasse uma tecnologia que permitisse a captação e transmissão de luz solar através de cabos de fibra ótica. A solução consiste em uma cúpula que distribuirá a energia da luz por todo o ambiente, permitindo o processo de fotossíntese. Com esta ideia em mente, Ramsey convidou um amigo que estava expondo projetos na cidade para entrar como sócio no negócio, Dan Barasch.
Aceitação do público
Além de conseguir autorização da prefeitura e autoridades locais, a dupla de sócios ainda terá que encarar o preconceito da população. Muita gente se refere à estação como suja, repugnante e que seria um erro construir um parque ali. “A estação tem ratos, é suja e repugnante. O último lugar em que eu poria um parque seria aqui em baixo. Tem tantos lugares melhores lá fora”, afirma Richard Jenasku, 44 anos, que trabalha com construção civil em Nova York. Em contrapartida, o estudante Kevin Moreira, 26, se diz a favor da ideia e diz que as pessoas vão para a cidade justamente porque lá estão as principais novidades do mundo, as últimas tendências e que um parque subterrâneo no metrô seria mais um ótimo motivo de orgulho para os cidadãos.
Negociação com a prefeitura
Diretora do projeto, Robyn Shapiro, afirma que as negociações com a prefeitura de Nova York estão adiantadas e vão muito bem. Todavia, a autorização para construção do primeiro parque subterrâneo do mundo ainda não saiu, muito em razão da grande burocracia existente para enquadramento daquele local como um parque. Segundo a exigência da prefeitura, um parque deve estar localizado a céu aberto.
Mesmo com a negativa atual, a equipe responsável pelo projeto não desanima. Muito pelo contrário… A ideia é realizar testes com tecnologia de ponta para sobrevivência de plantas em locais subterrâneos e conseguir a inauguração do parque até 2020. Estes testes, inclusive, serão realizados ainda em 2015 e foram custeados com doações enviadas pela internet que já totalizaram mais de US$ 200 mil.
Se o projeto realmente sair o papel, o Lowline tem um custo estimado em US$ 600 milhões. Este valor, a princípio, seria custeado pelo governo norte-americano e através de campanhas on-line, já que é um projeto de grande apelo popular. “O Lowline mostra o poder de novas tecnologias para melhorar a vida urbana. Se estamos conseguindo construir um parque subterrâneo, imagine o que mais seremos capazes de fazer”, afirma Shapiro.