Antes de definir o que é arquitetura sustentável é necessário entender que a sustentabilidade se apoia em três bases: preservação ambiental, viabilidade econômica e valorização social. Do mesmo modo, as construções sustentáveis buscam minimizar os impactos causados ao meio ambiente, ser financeiramente viáveis e promover o desenvolvimento social, oferecendo condições de conforto e usabilidade aos ambientes projetados.
Toda e qualquer obra causa impactos ao meio ambiente, desde o período paleolítico, em que o homem começou a habitar as cavernas modificando o seu ambiente para se adaptar às severas condições climáticas, até a construção dos arranha-céus de Chicago, em que era comum o uso dos condicionadores de ar para criar ambientes artificialmente confortáveis.
Apesar do termo “arquitetura sustentável” ter ganhado destaque no final dá década de 80, com a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento Humano, durante a ECO 92 que ocorreu no Rio de Janeiro, a arquitetura ecológica já era empregada no Brasil, nas construções de taipa e nas ocas indígenas que utilizavam materiais disponíveis na região, mão de obra local e ainda por cima eram climatizadas naturalmente, cumprindo sua função social de abrigo.
Com os avanços tecnológicos e as reflexões sobre o modo de vida urbano a nova arquitetura sustentável busca se adaptar as necessidades humanas atuais, utilizando os recursos naturais com sabedoria, através de técnicas construtivas e materiais ecológicos a fim de proporcionar melhor qualidade de vida para as gerações presentes e futuras.
Impactos ambientais gerados pela construção civil
Somos 7 bilhões de pessoas no planeta em constante crescimento demográfico, destas, cerca de 191 milhões vivem no Brasil, sendo 84% habitantes de áreas urbanas, de acordo com o levantamento do IBGE 2010. Os centros urbanos são os maiores poluidores ambientais, principalmente pela intensa construção civil e o transporte urbano.
Dados de 2009 do Worldwatch Intitute (WWI) afirmam que as construções civis consomem 40% da energia produzida, 16% de água e 25% da madeira extraída. Os estudos também indicaram que os edifícios ecológicos demandam entre 50% a 80% menos energia que as construções comuns.
Portanto a arquitetura ecológica não é uma opção, é um dever de todo profissional de arquitetura, que deve primar pela eficiência energética, redução do consumo de água e o aproveitamento da iluminação e ventilação naturais.
Construção Ecologicamente Correta
No planejamento arquitetônico é preciso considerar a implantação, uso proposto, a manutenção do imóvel, o reaproveitamento destes espaços para novos usos e por fim o processo de demolição caso algum dia este imóvel seja demolido. Mesmo que cada projeto seja único, para atender as suas necessidades específicas, algumas técnicas são comuns na bioarquitetura.
Confira a seguir cinco tecnologias utilizadas pela arquitetura ecológica:
1 – Reaproveitamento da Água da Chuva: Os sistemas de captação, tratamento e reuso das águas pluviais reduzem o consumo de água em até 60%, já que abastecem os vasos sanitários, servem para lavar as calçadas, os carros e irrigar os jardins;
2 – Reuso da Água Cinza: Assim como a água da chuva, as águas cinzas, provenientes do banho, da lavagem de roupas e das torneiras sanitárias, podem ser tratadas, armazenadas e reutilizadas para limpeza dos calçamentos, lavagem automotiva e irrigação. Reduzindo consideravelmente as contas de água e de esgoto;
3 – Painel Fotovoltaico: São placas solares que convertem a energia concentrada do Sol em energia elétrica. Os custos dos painéis solares ainda são altos, porém, segundo pesquisas do EPE (Empresa de Pesquisa Energética), o Brasil apresenta um alto potencial produtivo, já sendo viável a instalação em 15% das edificações;
4 – Aquecimento Solar: Diferentemente dos painéis fotovoltaicos, os coletores solares não geram energia, eles apenas armazenam o calor do sol, transferindo para um boiler onde a água quente é mantida até á hora do banho. Este sistema de aquecimento pode reduzir de 30% a 50% o consumo elétrico residencial;
5 – Telhado Verde: Quem não gosta de uma casa com jardim? As coberturas verdes, ou lajes jardins, atuam fazendo o isolamento térmico das coberturas. Nas lajes de concreto este tipo de cobertura vegetal protege contra rachaduras provocadas pelas variações climáticas, filtra a água da chuva que pode ser drenada para o sistema de reuso pluvial, geram oxigênio e ainda transforma as lajes em um belo jardim onde podem ser plantadas hortaliças, flores e até árvores de pequeno porte (dependendo do projeto). Ao final 20% a 30% de energia são economizados.
Mesmo que a obra já tenha sido concluída, é possível implementar alguns dos sistemas acima, todos geram um custo a mais ao projeto no curto prazo, porém, compensam financeiramente e ambientalmente no longo prazo. Cabe ao profissional arquiteto escolher junto ao cliente quais as medidas cabíveis na sua edificação e no seu bolso.