O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) concedeu uma determinação a favor da Licença de Instalação (LI) nº 934/2013, emitida para a construção do Ramal Ferroviário Sudeste do Pará, que resultou na criação do primeiro viaduto para travessia de fauna (overpass) do Brasil.
De acordo com a publicação oficial no site do instituto, a ferrovia, que receberá a nova construção, cruza a Floresta Nacional de Carajás em dois pontos onde a vegetação está em estágio médio ou avançado de regeneração. Para definição dos locais mais adequados para criação da travessia, cada trecho foi projetado conforme a análise de características do local, como: o tráfego da região, condições das estradas, paisagem espacial e até o porte dos animais silvestres presentes nas redondezas.
Para se ter uma ideia, segundo os estudos de ecologia de estradas redigidos pelo Ibama, anualmente, cerca de 450 milhões de animais selvagens morrem atropelados nas estradas e ferrovias brasileiras, que se estendem por 1,7 milhão de quilômetros.
Desta forma, o objetivo do viaduto inédito, além de possibilitar uma travessia segura para os animais, é permitir a dispersão de espécies que necessitam de áreas mais extensas para sobreviver, evitando a perda da biodiversidade e possíveis acidentes.
Travessia já é usada em outros países
Por meio de sua assessoria, o Ibama informou que os viadutos do ramal foram cercados com arame galvanizado de 2,2 metros de altura ao longo de 100 metros de extensão para cada um dos lados de acesso. Em conjunto com a ação, pequenos arbustos foram instalados nas laterais do percurso para simular a continuidade do terreno da floresta.
Vale lembrar que, até então, a solução mais procurada para atender à essa classe de animais era a instalação de túneis subterrâneos, mas o resultado positivo do uso de overpass para fauna em países da Europa e América do Norte chamaram atenção da equipe de licenciamento ambiental brasileira, que decidiu apostar na eficiência da medida em território nacional.
O Ibama confirmou que já existem registros de trânsito de capivaras, tatus, jaguatiricas, tamanduás-bandeira, cachorros do mato, cutias, iguanas e gatos-mouriscos no local. Outras 30 passagens foram instaladas ao longo dos 100 quilômetros do ramal.
A atualização de informações será apresentada semestralmente pelo Programa de Monitoramento e Mitigação de Atropelamento de Fauna.