Atualmente, metade da população mundial vive em cidades, e essa proporção está prevista para aumentar para 80% até 2050, com a maioria das pessoas se concentrando nas metrópoles. Essa crescente urbanização traz desafios significativos, já que aproximadamente sete bilhões de pessoas estarão compartilhando condomínios, ruas, praças, centros comerciais e outros espaços urbanos. Se não houver uma mudança na forma como ocupamos e exploramos as cidades, a vida nesses ambientes poderá se tornar insustentável, suscetível a crises energéticas, hídricas e de combustíveis fósseis.
O conceito de Urbanismo Sustentável surge como uma resposta à urgência de minimizar os impactos ambientais causados pela superpopulação e crescimento desenfreado das cidades. O arquiteto e urbanista dinamarquês Jan Gehl, referência mundial em Urbanismo Sustentável, defende espaços “people friendly”, ou seja, lugares planejados pelas pessoas e para as pessoas. Sua visão busca tornar as cidades habitáveis, saudáveis, seguras e sustentáveis.
Um dos principais desafios do Urbanismo Sustentável é absorver o crescimento populacional com o menor impacto ambiental possível, criando moradias, espaços privados e públicos que promovam o convívio humano e as relações interpessoais. Para isso, é essencial repensar a forma como projetamos as cidades.
Algumas diretrizes importantes do Urbanismo Sustentável incluem:
Desenhar espaços urbanos priorizando a vida pública, incentivando as pessoas a caminhar mais e passar mais tempo em espaços públicos.
Diversificar o uso dos espaços para incentivar a ocupação e torná-los mais seguros, pois a presença das pessoas desencoraja a criminalidade.
Criar espaços que permitam experiências multissensoriais, adequando as construções às pessoas, evitando megaobras que desconsideram a escala humana e inibem o contato e a experiência.
Valorizar o transporte público e compartilhado, oferecendo alternativas baratas e eficientes, como o aluguel de bicicletas para deslocamentos internos, reduzindo a circulação de automóveis nos centros urbanos.
Fortalecer a economia e identidade local, incentivando pequenos comércios e criando locais para eventos artísticos e culturais.
Cuidar e manter áreas verdes para humanizar as cidades, permitindo atividades ao ar livre, diminuindo o estresse e contribuindo para o bem-estar da população.
Projetos como o “Frida” conscientizam sobre a importância de reduzir o uso de carros. Reutilizando madeira, o projeto transforma vagas de estacionamento em pequenas praças, devolvendo esses espaços às pessoas.
Outra iniciativa é o “Projeto Kopfkino”, que projeta rostos em fachadas de prédios, pontes e viadutos para estimular a interação entre as pessoas e tornar os espaços mais acolhedores.
Exemplos de sucesso em urbanismo sustentável incluem a revitalização urbana de Mission Bay, em São Francisco, Califórnia, onde áreas antes degradadas foram transformadas em um centro nacional de biotecnologia, com atenção especial à acessibilidade das moradias.
Em suma, o Urbanismo Sustentável busca criar espaços que promovam o bem-estar da população, ao mesmo tempo que preservam o meio ambiente e incentivam o convívio e a interação entre as pessoas. É uma abordagem fundamental para garantir cidades habitáveis e saudáveis no futuro.
Com informações do site G1.