Há décadas as principais montadoras de veículos do mundo investem em tecnologias para contornar a questão ambiental, principalmente no que diz respeito à queima de combustíveis em seus veículos e os impactos causados no meio ambiente. Inclusive, pesquisas apontam que os consumidores já preferem veículos que não poluam tanto a natureza, o que diretamente tem influenciado na mudança de estratégia comercial das grandes marcas.
Todavia, mesmo com maior conscientização dos consumidores e das empresas, este assunto ganhou um destaque ainda maior nos últimos dias devido ao escândalo envolvendo a Volkswagen… Após denúncia da imprensa, a montadora alemã confirmou ter instalado um software que falsificava os números de controle de poluição em mais de 11 milhões de veículos.
A marca perdeu dois títulos de “Carro Verde do Ano”, concedidos pela publicação “Green Car Journal”, aos modelos Volkswagen Jetta TDI (turbodiesel) e Audi A3 TDI, respectivamente em 2009 e 2010. “Esses modelos foram selecionados como ‘Automóvel Verde do Ano’ por importantes razões: sua alta eficiência de combustível, suas reduzidas emissões de carbono, sua condução agradável e sua habilidade para cumprir as exigências de emissões de 50 estados (dos EUA) com tecnologia diesel de vanguarda”, disse o editor da revista, Ron Cogan, em reportagem publicada no G1.
A decisão chamou ainda mais atenção pelo fato de a Volkswagen não questionar a retirada dos títulos, uma medida que aconteceu pela primeira vez na história da publicação. “A Audi ganhou centenas de concursos e milhares de prêmios ao longo de sua história, mas queremos ganhar de forma justa. Portanto, à luz dos recentes acontecimentos, achamos que o correto é devolver este importante reconhecimento ao cuidado ambiental”, afirmou o presidente da marca nos EUA, Scott Keogh.
Palavra da Volkswagen: abalo na credibilidade
Assim como o mundo automotivo ficou surpreso e os consumidores assustados com esta fraude em dois dos modelos mais vendidos pela Volkswagen, a própria montadora não quer deixar que o episódio passe em branco. “As pessoas que permitiram que isto acontecesse, ou que tomaram a decisão de instalar este programa, agiram de maneira criminosa. Devem assumir sua responsabilidade pessoal”, afirmou o membro do Conselho de Administração da Volkswagen e ministro da Economia da Baixa Saxônia, no norte da Alemanha, Olaf Lies.
Lies também fez questão de reforçar que o problema só chegou ao alto escalão da montadora pouco antes da divulgação para a imprensa, mas mesmo assim ressaltou que a imagem da marca passa por um momento delicado. “Milhões de pessoas perderam a fé na Volkswagen. Tenho vergonha porque pessoas nos Estados Unidos que compraram carros com completa confiança estão decepcionadas”, complementou Lies.
Martin Winterkorn, presidente da Volkswagen, renunciou ao cargo após a divulgação do escândalo pela imprensa internacional. A justiça alemã já abriu investigação para apurar melhor os acontecimentos.