Há 25 anos, Mick Dodge abandonou o emprego de engenheiro mecânico para morar em uma região afastada dos Estados Unidos, na península Olympic. Sem geladeira, televisão ou internet, as árvores da floresta Hoh viraram sua casa.
“Eu tinha várias casas, carros, uma vida bem confortável. Até que um dia eu peguei minhas coisas e vim para cá. Eu nunca mais quis voltar para casa”, conta Mick Dodge.
Antes, Mick sofria com uma inflamação no calcanhar e dores na coluna. Agora, tudo isso ficou para trás na vida do eremita de 63 anos. Ele tatuou raízes nos pés, para reforçar a relação com a terra. “Meus pés são meu mapa!”, afirma.
Desde que resolveu se mudar para floresta, Mick teve que se adaptar à vida selvagem e aprendeu a ver as coisas de um jeito diferente. Uma pinha virou sua escova de dentes e cotonete. “Tem mais um lugar que eu posso usar a pinha, mas não vou dizer. Vocês vão cortar”, ele brinca.
Quando sente sede, o americano enfia a cara no musgo e bebe água. “Tem gosto de vinho e de champanhe” afirma o eremita. Todo o alimento vem da natureza e ele se acostumou a consumir menos de mil calorias por dia.
No caminho em busca do almoço, Mick encontra um parceiro de caça. Will, um jovem estudante que decidiu largar tudo e passar parte dos dias na mesma floresta. Os dois estão atrás de peixes, mas acabam encontrando uma refeição alternativa: como as larvas estavam na carcaça de um animal morto, Mick decide cozinhá-las para matar as bactérias. As larvas podem conter tantas proteínas quanto um pedaço de bife.
Para curar uma dor de barriga, Mick pega um forno antigo que esconde em uma árvore e corta galhos para construir uma sauna. Totalmente isolada, a instalação vai atingir 55ºC. Depois do suadouro, é hora do choque térmico na cachoeira.
Mesmo longe do conforto, da família, dos amigos, Mick é um homem feliz. “Eu não quero voltar para a cidade. Eu já estou há muito tempo aqui. Não vou abrir mão de tudo isso”, garante.