Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico realizada pelo IBGE no ano de 2000, mais de 125 mil toneladas de resíduos domiciliares são coletados diariamente no Brasil. Desse total, cerca de 10% a 20% dos resíduos sólidos urbanos recicláveis são coletados por catadores de lixo.
Atualmente estima-se que um em cada mil brasileiros é catador de lixo e três em cada dez catadores gostariam de continuar trabalhando na área da reciclagem, mesmo que tivessem uma nova alternativa.
Segundo dados fornecidos em 2010 pelo Movimento Nacional dos Catadores de Materiais recicláveis (MNCR), todos os dias esses catadores de lixo percorrem a cidade puxando suas carroças durante aproximadamente 16 a 18 horas por dia, carregando até meia tonelada de material reciclável.
Os catadores de lixo têm uma renda mensal que fica em torno de R$ 420 a R$ 520, podendo chegar a R$ 800 com o aumento da carga horária de trabalho. Mesmo com tanto esforço e trabalho duro, eles sofrem muita discriminação por parte dos motoristas, com quem dividem o espaço nas ruas.
Como começou o Pimp My Carroça?
Há alguns anos, enquanto pintava os muros da cidade, o artista Thiago Mundano começou a observar uma dessas carroças que passava pela rua e atrapalhava a passagem dos carros. Então surgiu a ideia de criar o projeto “Pimp My Carroça“, que tem por objetivo não só dar um auxílio aos catadores de lixo, mas também provocar a sociedade que possui este preconceito em relação a estes trabalhadores.
O projeto tem como inspiração os programas internacionais que transformam os carros das pessoas que estão em mal estado de conservação, porém vem com uma proposta diferente, transformando a carroça dos catadores de lixo do Brasil.
Os carroceiros escolhidos ganham a transformação de sua carroça, em que além da arte de grafite, produzidas por profissionais com frases de impacto feitas pelo público, serão adicionados itens de segurança como retrovisores, faixas reflexivas, cordas e luvas. Thiago Mundano teve essa ideia após passar pela experiência de puxar uma dessas carroças e sentir na pele a dificuldade desses catadores. Além disso, o projeto proporciona ao catador uma refeição nutritiva, atendimento médico, oftalmológico e a orientação de um especialista em dependência química.
Mais de 3.500 pessoas fizeram parte deste projeto através de doações realizadas pelo portal Catarse – uma comunidade online de financiamento coletivo de projetos. Além de apoiadores diretos, as empresas também oferecem gratuitamente seus serviços, existem voluntários, artistas e grafiteiros.
O “Pimp My Carroça” teve grande visibilidade nas redes sociais, gerando uma mídia espontânea a favor dos catadores de lixo e inspirando muitas pessoas a ajudá-los.