Não é de hoje que a fabricante de automóveis norte-americana Ford estuda uma série de materiais alternativos e recicláveis para a produção de peças automotivas em seus laboratórios de engenharia avançada espalhados no mundo. Em uma de suas recentes pesquisas, a multinacional acabou fazendo algumas descobertas, no mínimo, curiosas até mesmo para os especialistas. A principal delas tem a ver com a goma de mascar.
De acordo com os cientistas, o chiclete pode ser transformado em plástico, através de um processo de reciclagem pouco utilizado. Através da tecnologia usada no processamento da goma, o material foi transformado em plástico moldável, que pode ser usado na fabricação de diversos componentes dos automóveis.
“Há cerca de 180 kg de plástico em um automóvel”, explica Debbie Mielewski, líder técnica do Departamento de Pesquisa e Engenharia Avançada da Ford em Dearborn, Michigan, em release oficial. “Nosso trabalho é encontrar o lugar certo para usar um compósito verde como esse, que nos ajude a causar menos impacto ambiental. É um trabalho do qual eu tenho orgulho e que pode repercutir amplamente em um grande número de indústrias”, complementa a especialista.
Para realizar a coleta da nova “matéria-prima”, a fabricante contou com a ajuda da empresa britânica Gumdrop, especializada na reciclagem de chicletes, que distribuiu cestos exclusivos para o descarte correto de gomas em áreas movimentadas. O uso do material só é realizado após a marca realizar testes e comprovar que o mesmo apresenta um padrão de qualidade igual ou melhor que a matéria-prima que está sendo substituída.
Novas descobertas
Outro material inusitado que está sendo estudado pelos profissionais da Ford, é a fibra do abacaxi, que pode ser usada como alternativa para substituir o uso de couro animal no revestimento de bancos e laterais das portas.
A responsável pela descoberta é a designer espanhola Carmen Hijosa, que em uma viagem para as Filipinas conheceu as roupas tradicionais do país feitas com a fruta, se encantou e desenvolveu um processo capaz de transformar as folhas descartadas em um material sustentável de grande utilidade para a indústria têxtil. O resultado do processo é o Pinâtex, nome dado ao material usado na fabricação de carros da marca.
Vale lembrar que o uso de materiais alternativos em seus modelos automotivos não é novo. As sobras de grãos de soja, por exemplo, já há algum tempo, auxiliam na fabricação de espuma de assentos e encostos de bancos. Inclusive, em uma década, a Ford já produziu 15 milhões de veículos utilizando o material, contribuindo para a redução do uso de petróleo e emissão de CO2.