Huni Kuin/ youtube Objetivo do jogo é mostrar como é a vida em uma aldeia.

Um grupo de desenvolvedores de jogos, integrantes do povo Kaxinawá, liderado por Guilherme Meneses, antropólogo da Universidade de São Paulo (USP), decidiu criar o game “Huni Kuin: os Caminhos da Jiboia” que se baseia em um cenário amazônico repleto de características especiais e diversas aventuras para os seus jogadores.

Trata-se de um projeto de jogo que foge dos principais aspectos encontrados nas plataformas de videogames tradicionais, oferecendo aos amantes do RPG, jogos de ação e aventura, um novo tema para entretenimento e diversão, com uma pegada mais didática. O jogo conta com cinco fases, nas quais alguns mitos tradicionais são enfocados e os personagens evoluem conforme seu aprendizado indígena.

Huni Kuin, que tem o mesmo significado de Kaxinawá e significa “pessoa verdadeira”, chega ao universo dos consoles com a intenção de proporcionar aos jogadores uma experiência virtual com o mundo encarado pelos povos indígenas em sua rotina de vida florestal. Ao som de animais cantando ao fundo, interatividade com os objetos do cenário e direito à narração personalizada no idioma Hatxã (também em português, inglês e espanhol), o jogo apresenta uma história na qual o jogador pode desenvolver seus conhecimentos em rituais indígenas, costumes tradicionais e outras atividades comuns aos nossos ancestrais.

De acordo com Guilherme, o objetivo do game, que chega para o público da internet ainda neste mês de abril, é oferecer para os seus interessados uma visão de como é a vida em uma aldeia – escassez de recursos, ausência de tecnologia digital e outros – e como um índio sobrevive diante de suas tarefas comuns. Outra ideia do projeto é quebrar um pouco do preconceito que existe, no qual os índios acabam sofrendo pela falta de informação da sociedade com a população indígena.

Índios ajudaram na criação do jogo

Em entrevista ao site do EBC, o diretor contou que, para desenvolvimento de todo o jogo, o decidiu com eles [45 Kaxinawás de algumas das 32 aldeias existentes no Acre] o roteiro e as histórias. “Eles desenharam os protótipos, gravaram as músicas e os efeitos sonoros. Os pajés narraram as histórias”.

Foram necessários seis intensos meses de pesquisa e quase três anos para que todos os detalhes pudessem ser acrescentados, de modo que o jogador fosse estimulado a interagir cada vez mais com o jogo.

Com o apoio do Itaú Cultural e da própria USP, “Huni Kuin: os Caminhos da Jiboia” deu também origem a uma série de iniciativas que contribuíram para a instalação de painéis solares nas tribos onde aconteceram as produções.

Segundo a equipe, a expectativa é de que o jogo chame a atenção do público em seus primeiros meses após o lançamento, pois, assim, a ideia é adaptar a trama para plataforma mobile e ‘viralizá-lo’. Os idealizadores não descartam a ideia de lançar uma campanha de crowdfunding para arrecadar fundos para o futuro do game.

Para saber mais informações, acesse: https://hunikuin.wordpress.com/