William Kamkwamba
William Kamkwamba. Foto: inhabitat

“Pensavam que eu era maluco. Ninguém entendia o que eu estava construindo.” Entretanto, William Kamkwamba, morador do vilarejo de Wimbe, no Malaui, teve uma ideia genial. Ele construiu moinhos a partir de sucata e utilizou os ventos para fornecer energia gratuita às casas de um povo que não contava com água corrente, saneamento básico e, muito menos, eletricidade.

Embora o Fundo Monetário Internacional (FMI) tenha apontado o Malaui como o país mais pobre do mundo em 2005, William garante que a região é “rica” em ventanias. Portanto, por que não utilizar a força dos ventos? Como seus pais não tinham condições de pagar US$ 80 cobrados em mensalidades pela escola, o garoto resolveu dar sequência aos estudos a partir das anotações dos cadernos de colegas e livros da biblioteca comunitária. Lá o garoto encontrou a obra “Explicando a física” e vislumbrou a possibilidade de criar uma estrutura que gerou energia eólica e ascendeu a primeira lâmpada de sua casa.

“A bibliotecária perguntou se eu construí o moinho apenas com o conhecimento adquirido no livro.” E a resposta: “Sim”. Através de uma bicicleta antiga, um amortecedor, uma ventoinha de motor, esferas de rolamento de uma máquina de moer amendoim e canos de PVC derretidos, Wiliam deu haste e hélices ao seu engenho. “Não recebi muito apoio na construção do primeiro moinho”, diz ele.

Moinho de William Kamkwamba
Foto: inhabitat

Porém, ainda com 14 anos, o garoto visionário demorou apenas 2 meses para terminar o primeiro exemplar. William instalou uma bateria de carro, um disjuntor feito de pregos, imãs de alto-falantes e interruptores artesanais para providenciar eletricidade a sua residência inteira. Então, o “domador de ventos” produziu mais moinhos para, assim, levar energia elétrica ao restante de seus 20 parentes e outras 60 famílias que habitam a região.

O lugarejo de Wimbe sofria um longo período de fome e seca desde 2001, até mesmo os “pequenos milagres” de William Kamkwamba não haviam impulsionado a agricultura, principal fonte de renda do local. No entanto, o menino precisou de duas teorias de física que explicavam o funcionamento de motores e geradores, ação está que bombeou as água de um poço, o que irrigou o solo e deu vida às colheitas.

Com título digno de filme, “o garoto que domou os ventos” já teve sua história contada em um livro, mantém um blog no qual recebe doações para dar sequência ao trabalho que desenvolve em sua vila e já se apresentou ao Technology Entertainment Design (TED), na universidade de Oxford, Inglaterra. Próximos projetos? “Meu sonho é concluir os estudos e, no futuro, abrir minha própria empresa de moinhos”, diz William.

Vilarejo
Foto: inhabitat