Em uma região longínqua do Amazonas residem oito famílias que são intimamente dependentes da pesca e da plantação de frutos para a sobrevivência e para a renda. Essas famílias vivem na Vila Nova do Amanã, uma região do município de Maraã. Por ser uma região de acesso difícil, somente é possível chegar até lá pelo acesso fluvial, a tecnologia demora a trazer recursos de desenvolvimento às famílias.
Agora a comunidade recebeu três máquinas de gelo que funcionam com energia solar e são capazes de produzir até 90 Kg do produto por dia. Otacílio Soares Brito, do setor de tecnologias sociais do Instituto Mamirauá, responsável pela implantação do projeto Gelo Solar na região, afirmou à Agência Brasil que as máquinas serão importantes para a conservação de polpas de frutas e pescado e trarão, com isso, desenvolvimento à região.
Uso e manutenção das máquinas
Brito explica que a manutenção das máquinas é muito simples sendo necessária apenas uma limpeza com pano nos módulos uma vez por mês. Outro beneficio delas é o fato de que a produção de energia elétrica para a transformação do gelo vem de equipamentos solares; evita-se o uso de baterias que poluem o meio ambiente e têm vida útil curta. As máquinas podem durar até 25 anos com manutenção simples.
“A população está sendo capacitada para a gestão comunitária da tecnologia. A ideia é que a gente acompanhe e ajude a pensar a melhor forma de gestão dessa tecnologia.”, acrescenta Brito. Um dos objetivos do projeto é que as fábricas de gelo ajudem a aumentar a renda das famílias, já que a quantidade de produção do gelo é excedente e pode ser vendida nas regiões vizinhas, além do próprio sistema de conservação de alimentos permitir que eles tenham uma durabilidade maior e possam ser vendidos em prazos maiores para o consumo.
Cada máquina de gelo custa cerca de R$ 25 mil. A tecnologia é de responsabilidade de pesquisadores da Universidade de São Paulo em parceria com o Instituto Mamirauá, ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. O projeto foi premiado no fim do ano passado pelo Desafio de Impacto Social da empresa Google no Brasil.
O prêmio foi utilizado para a implantação das máquinas na vila e, hoje, o Instituto monitora a eficiência do equipamento e sua viabilidade para que seja levado também a outras comunidades. A máquina vem como um respiro de cidadania e insere essas populações em um universo mais confortável e rentável.