Graduado em informática, o funcionário público Carlos Simino, 52, fabrica o próprio tijolo para construir a sua casa da maneira mais sustentável possível, financeira e ecologicamente. Desde dezembro do ano passado, ele trabalha todo fim de semana para levantar as paredes da residência em Sobradinho, cidade satélite de Brasília.
O sonho começou em 1983, quando foi auxiliar de pedreiro na construção da casa de sua mãe em Curitiba, em 1983. Ele aprendeu os rudimentos com o pai, um mestre de obras, que hoje aos 85 anos não pode auxiliar o filho na nova empreitada.
A ideia da casa sustentável, no entanto, veio do sonho da casa própria – atualmente ele paga R$ 1300 de aluguel. Ele afirma que hoje em dia é muito difícil e caro financiar um apartamento. Por isso, para escapar de empréstimos, ele investiu R$ 80 mil de suas economias na compra do terreno de 504 m², em um condomínio de classe média, e segue à risca um planejamento.
Para realizar o projeto, o paranaense utiliza a chácara de um amigo, que virou fábrica improvisada de tijolos ecológicos. Ele faz tudo sozinho, já que a mulher, pedagoga aposentada, e a filha, formada em letras, são apenas entusiastas do projeto.
Para fazer o seu próprio tijolo, Simino pesquisou na internet uma tecnologia e buscou conhecer mais de perto a sua utilização em um dos projetos apoiados pela Fundação Banco do Brasil, onde atua na gerência de pagamentos.
Cada bloco de tijolo fica, em média, uma semana ao sol, em processo de cura, necessitando ser molhado duas vezes ao dia. Essa é a única tarefa terceirizada, que conta com a ajuda de um caseiro.
Por ser um processo demorado de fabricação, a ideia é começar a obra em junho. A casa deve ter 55 m², com dois quartos, cozinha e banheiro. Para isso, será preciso produzir 6.000 tijolos – em três meses de trabalho, já foram feiras 2.200 unidades, um terço do que vai precisar para dar forma à edícula desenhada para ocupar o fundo do terreno.
Simino afirma que, além de estar mais ativo, a saúde financeira também agradece, já que cada tijolo ecológico tem o custo final de R$ 0,25, dez centavos mais barato que o tradicional. A média estimada para erguer a residência é de R$ 15 mil. O valor médio da área é de R$ 200 mil.
Tijolos ecológicos
Muito utilizado em mutirões de construção em áreas carentes, os tijolos ecológicos têm sido desenvolvidos como tecnologia social por ser uma solução barata e ecologicamente sustentável para a falta de moradia no país.
O material é feito com terra e cimento, numa proporção bem mais econômica, que utiliza solo local, mais arenoso, e um pouco de água, sem necessidade de colocar no forno para queimar. Enquanto que o tijolo convencional utiliza argila e vai ao forno a uma temperatura de 1.800°C.