Questões técnicas e econômicas suspenderam a execução do programa Ecofrota da Prefeitura de São Paulo. A ideia era alterar a matriz energética dos ônibus municipais, substituindo o diesel por combustível de baixo impacto ambiental, como o biodiesel B20. Entretanto, engenheiros da SPTrans, companhia de transporte coletivo da capital, decidiram interromper o projeto por falta de tecnologia e verba suficiente para manter a frota.
Segundo Adalto Farias, diretor econômico-financeiro da SPTrans, em entrevista ao portal Exame, a Ecofrota deveria ter uma gestão eficiente para colocar o plano de transporte em prática, tanto do ponto de vista técnico (referente ao desempenho dos ônibus), tanto quanto econômico, visto que a companhia já gasta anualmente cerca de R$ 6 bilhões para manter a circulação da frota.
A Ecofrota faz parte da Lei de Mudanças Climáticas de São Paulo aprovada em 2009, a qual estabelece que a cidade use uma fonte de energia renovável em 100% de sua frota de ônibus até 2018.
Mas as determinações não foram cumpridas até o momento. A única exceção é a frota elétrica de trólebus, que liga alguns bairros ao centro, mas cuja expansão dependeria de ampliação da rede de alimentação de energia por cabos elétricos. A SPTrans, no entanto, afirma que vai encontrar a solução dentro do prazo determinado na lei para gerenciar a Ecofrota.
Um pequeno passo para se adequar a lei foi dado em 2011, quando uma das concessionárias de ônibus da zona leste da capital passou a usar biodiesel como combustível para aproximadamente 1.200 ônibus. Porém, a concessionária teve que lidar com alguns efeitos negativos do combustível como corrosão de motores e perdas de desempenho do motor. Ainda no primeiro semestre de 2013, a empresa deixou de usar o combustível nos veículos.
Dificuldades de implantação do biodiesel na frota
O biodiesel é usado em uma proporção de 20% a cada litro de diesel comum colocado no ônibus, com custo 18% mais alto do que o combustível comum. A compra era feita pela Prefeitura – assim como as demais alternativas que são estudadas. Neste ano a empresa tentou voltar a usar a fonte alternativa, no entanto, segundo a SPTrans, a Prefeitura não pagou o valor extra do produto, uma das dificuldades que possivelmente dificultam a continuação do programa.
Outro bicombustível usado na frota é o Amyris, diesel derivado da cana de açúcar. A alternativa integra as diretrizes da lei, porém o valor do produto ainda é um empecilho para ser usado integralmente pela frota. De acordo com Farias, o litro custa R$ 7 e a indústria não tem capacidade para atender a demanda usada nos ônibus.
O diretor ressalta que a SPTrans deve primeiro realizar um planejamento financeiro para fazer os devidos investimentos no setor. “Com o biodiesel gastávamos R$ 2 milhões por mês. Se fosse atender a frota inteira, seria R$ 350 milhões. É preciso definir a matriz antes de fazer esse gasto”, explica Farias. Mas não há prazo para resolver o problema.