Andar de bicicleta é um prazer, além de um ótimo exercício. Pedalar nas grandes cidades ainda ajuda o meio ambiente, já que as bicicletas são um meio de transporte limpo, que não emite gases poluentes, além de diminuir a quantidade de carros nas ruas, facilitando a mobilidade. Nos caóticos ambientes urbanos, porém, usar a bike como meio de transporte não é exatamente uma escolha fácil, tanto pela falta de estrutura adequada quanto pela mentalidade e comportamento geral dos motoristas.
É para tornar este cenário mais favorável às pedaladas que entram em ação os chamados cicloativistas. Eles defendem os direitos de quem escolhe se locomover sobre as bikes, além de levantarem reflexões sobre o urbanismo e como isso afeta a mobilidade e o meio ambiente de uma localidade.
Os primeiros movimentos mais organizados em prol de direitos e incentivos ao uso de bicicletas surgiram na Holanda, entre as décadas de 1970 e 1980 (mas por lá já existiam grupos que se dedicavam a defender a ampliação do uso das bicicletas desde o final do século XIX). Outros países europeus, como a Inglaterra e a Dinamarca também viram se proliferar, na década de 1970, movimentos de ciclistas com um viés político e de contestação, que questionava os modelos urbanos e a forma como isso afetava a mobilidade e dificultava o uso das bikes.
Não por acaso, atualmente, as cidades consideradas as mais amigáveis para os ciclistas ficam justamente nesta região do mundo. São elas: Copenhague, na Dinamarca; Amsterdã, na Holanda; Barcelona, na Espanha e Berlim e Munique, na Alemanha. Também se destacam cidades na América do Norte como São Francisco, Portland, Boulder e Davis, nos EUA e Ottawa, no Canadá.
No Brasil a discussão é crescente e ganhou força principalmente nos últimos dez anos. Em São Paulo, maior cidade do país, já se tornou relativamente comum ver pessoas utilizando as bikes para ir ao trabalho diariamente, algumas ciclovias já facilitam o acesso e vias especiais para o lazer também lotam nos fins de semana. Não há dúvidas, porém, de que a cidade precisa passar por uma forte mudança para efetivamente oferecer segurança aos seus ciclistas. Embora estes números venham caindo, entre janeiro e maio de 2013 foram registradas as mortes de 26 ciclistas nas ruas e avenidas paulistanas, de acordo com dados fornecidos pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
Mesmo com os irrefutáveis argumentos – de que o uso das bicicletas poderia ajudar a diminuir o trânsito, facilitar a mobilidade e ainda reduzir a poluição – uma camada da população ainda é resistente a deixar de lado uma cultura que valoriza a utilização de veículos automotivos como meio de transporte. Este cenário se repete em praticamente todas as grandes cidades brasileiras deixando bem claro que, por aqui, os cicloativistas ainda terão muito trabalho pela frente.