Surgido na década de 90 em Londres, na Inglaterra, o movimento Reclaim the Streets (em português Reconquistar as Ruas) tem como principal premissa a oposição ao uso do automóvel como meio predominante de transporte e locomoção, um cenário bastante comum nas cidades de todo o mundo. As ações conjuntas do movimento são representadas por ocupações coletivas dos espaços públicos, em especial as ruas.
Anárquico e de cunho ecológico, o Reclaim the Streets também busca levantar uma reflexão sobre os efeitos negativos da globalização – o hábito do uso de carros e a forma como as cidades os priorizam – e suas as consequências desastrosas para o meio ambiente.
O movimento começou de forma espontânea, quando um pequeno grupo de indivíduos se reuniu em Londres para realizar ações contra as rodovias, os carros e todo o sistema que os nutre e a favor de caminhar, pedalar, e de um transporte público barato e de qualidade. A quantidade de pessoas aumentou gradualmente e, aos poucos, o movimento tomou conta de todo o Reino Unido – além de ter inspirado uma série de mobilizações ao redor do mundo.
Em suas ações, os militantes do movimento fazem verdadeiras festas nas ruas. E aqui entra um detalhe importante: as avenidas e autopistas, na visão dos militantes, também devem ser enxergadas como espaços públicos e, portanto, de acesso livre. Com esta percepção seria possível compreender estas áreas das cidades voltadas apenas para a circulação de carros como veias visíveis do sistema capitalista que teria, justamente nos automóveis, um dos seus principais símbolos.
Além do predomínio dos carros e todas as transformações sociais e ambientais trazidas por este fenômeno, para o Reclaim the Streets o espaço público urbano se transformou em um campo artificial onde regras de domínio e hierarquização capitalistas, como o consumo, a vigilância, a propaganda e o culto ao lucro praticamente esvaziam as possibilidades de confraternização, convívio e construção de uma identidade comunitária. Para os militantes, o caminho para reconquistar as ruas é exatamente o protesto, a reunião e a criação de momentos de celebração coletiva.