iStockphoto.com / alffoto Para estudiosos, alimentação melhorada acelera crescimento do gado e ida para o matadouro.

Certamente você já ouviu falar que os gases de bois e vacas contribuem para o aumento do aquecimento global. Pode até parecer piada, mas é verdade. Segundo um estudo da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), esta realidade pode ser alterada através da melhora da pecuária nacional. O estudo leva a assinatura de Britaldo Silveira Soares-Filho, que atua no Centro de Sensoriamento Remoto, e também por Fabiano Alvim Barbosa, da Escola de Veterinária. Também participam do estudo alguns centros de pesquisa norte-americanos e a ONG Aliança da Terra.

O estudo simulou três cenários que combinam taxas de crescimento do rebanho, recuperação de pastagens degradadas e de confinamento. Neste último caso, os animais recebem uma alimentação melhorada (capim selecionado), crescem com maior velocidade e vão mais rápido para o matadouro, diminuindo o número de meses de emissão de gases de 40 para 24.

Todo planejamento visa um cenário intitulado “inovador”, com rebanho nacional chegando a 250 milhões de cabeças em 15 anos, o que diminuir a expectativa do governo de 300 milhões de bois e vacas. Além disso, as pastagens seriam reduzidas em 21%, totalizando 1,74 milhões de km². Como resultado, a produção de carne subiria para 12,4 milhões de toneladas e a produtividade da pecuária brasileira saltaria de 3,5 para 5,8 arrobas/hectare.

Pecuária nacional: cenário ambiental

A pecuária bovina nacional é responsável por ocupar mais de 1/4 do território brasileiro, ou seja, cerca de 2,2 milhões de quilômetros quadrados, e coloca o país na posição de maior exportador mundial de carne bovina. Destes, mais de 700 mil km² estão na região amazônica ao custo da devastação de florestas.

Há mais de 210 milhões de cabeças de gado no Brasil, o que pode representar até 2030 em impressionantes 115 milhões de toneladas de gás carbônico lançadas na atmosfera, chegando ao nível de 1/10 do que todo o Brasil emite anualmente. O problema está no gás metano (CH4) que o gado produz e que tem 21 vezes mais capacidade de reter o calor dentro da atmosfera terrestre do que o CO2, por exemplo.

“A pecuária é uma variável chave na equação do território brasileiro, sendo de todos os assuntos que já estudei, o mais difícil que levou mais de um ano e meio para concluir toda a pesquisa. Além disso, o setor está em rápida transformação e não existem mais áreas para se expandir a atividade de forma horizontal”, afirmou Soares-Filho, ao site de Folha. Ele também revelou que toda pressão conservacionista provocou a redução de 80% no desmatamento nos últimos 10 anos.