Durante o mês de novembro falei de assuntos que pesquisei bastante na universidade e continuo estudando de forma pontual. Porém, há outros temas que começam a chamar atenção durante os meus estudos e que acho interessante compartilhar. Além de pesquisar sobre meio ambiente, trabalho com negociações internacionais e comércio exterior. Em uma das minhas experiências, tive a oportunidade de morar na China. Ao ler uma notícia do periódico eletrônico da Bloomberg me deparei com um assunto relativamente comum quando se trata da China e das mazelas de seu crescimento econômico.

No início de dezembro o governo local de Xangai ordenou cortes na produção fabril e circulação de veículos após os níveis de poluição do ar atingirem números perigosos, tomando de exemplo o governo de Hong Kong, que anunciou planos para a introdução de um índice de qualidade do ar e avaliação dos riscos à saúde da população.

China World Hotel, Beijing
Beijing, China. Foto: johngulliver

Como mencionei anteriormente, a poluição não chega a ser um fato isolado e incomum para a China. A capacidade de crescimento do país está atrelada ao grande consumo energético para alimentar o setor fabril que, por sua vez, abastece o mundo inteiro com seus produtos. Em muitas das minhas visitas em fábricas pela China não cheguei a observar nenhum tipo de política sustentável aplicada na linha de produção.

Esta lógica produtiva, que já fez parte de grandes polos industriais mundiais, parece não se enquadrar mais em nosso modelo produtivo contemporâneo, mas chega a ser necessário para um país como a China e compreensível culturalmente. Se um chinês não se preocupa, ainda hoje, em fumar em locais fechados (quartos de hotéis, restaurantes, sala de reuniões e etc.), qual seria a preocupação com a poluição do ar?

É necessária a conscientização em relação ao meio ambiente e o impacto que causamos a ele, assim como políticas educacionais relacionadas ao tema, mas também transformar a lógica ambiental em algo “palatável” a ser digerido pela nossa lógica econômica e política.”

A preocupação com a poluição atmosférica na China tem que ser econômica. Assim ela vai se enquadrar dentro das necessidades do país. Além disso, o corte da circulação de veículos e da produção quando feito os cálculos financeiros são menores do que os gastos astronômicos com políticas públicas de saúde e diminuição de mão de obra eficiente. Sem contar que a China também é provedora de tecnologia verde.

Um analista chinês da Zheshang Securities Co. de Shanghai, Zhang Yanbing, havia mencionado: “Eu não estou proibindo meus filhos de sair de casa, porque temos de aprender a crescer em todos os tipos de ambiente. Mas eles estão definitivamente vestindo máscaras.”

É necessária a conscientização em relação ao meio ambiente e o impacto que causamos a ele, assim como políticas educacionais relacionadas ao tema, mas também transformar a lógica ambiental em algo “palatável” a ser digerido pela nossa lógica econômica e política.