Ao longo da história, nossas ações impactaram o planeta de forma a afetar não apenas os humanos, mas todas as formas de vida. No entanto, se agirmos agora, ainda podemos mudar o curso dessa situação.
Segundo a nutricionista ecológica Bruna de Oliveira, agir em benefício do planeta por meio de práticas diárias é também benéfico para nós como espécie, pois tudo está interconectado na teia da vida. Ao trazer princípios ecológicos para o cotidiano, podemos melhorar a saúde humana e planetária, além de sermos importantes para os animais, o reino vegetal e mineral. A compaixão pode nos motivar nessa jornada.
Juntamente com a geógrafa Lívia Humaire, idealizadora do projeto Transições Ecológicas, apresentamos nove tópicos que você pode colocar em prática para ser parte dessa transformação profunda que precisamos para salvar o planeta e a nós mesmos.
Reduza (ou elimine) o consumo de carne: No Brasil, a pecuária é responsável por uma parcela significativa das emissões de gases de efeito estufa. Além disso, a criação de gado e as monoculturas de soja contribuem para a destruição da Amazônia e do Cerrado, biomas cruciais para a regulação climática. Comece explorando a diversidade vegetal brasileira, experimentando grãos, frutas e folhas, além de outros sabores e texturas além da carne. Você pode começar pelo desafio de um dia sem carne e, aos poucos, aumentar a quantidade de dias sem proteína animal.
Evite descartáveis e plásticos: Materiais descartáveis feitos de petróleo levam centenas de anos para se decompor. Eles poluem os oceanos e contribuem para o aquecimento global. Opte por lojas a granel, mercados e feiras, levando sacolas de pano e recipientes de vidro para evitar plásticos de uso único. Tenha sempre um kit de talheres, guardanapo e canudo reutilizáveis para recusar opções descartáveis. Pressione também a indústria para adotar alternativas mais ecológicas.
Recicle: A taxa de reciclagem global é inferior a 10%, e o envio de lixo para países asiáticos causa problemas socioambientais. Fortaleça entidades de catadores, como o Cataki, que conecta pessoas e empresas a esses trabalhadores. Se não houver coleta seletiva na sua região, comece separando o lixo orgânico do reciclável e busque alternativas para a reciclagem. Exija a implementação da coleta seletiva pelo poder público e responsabilidade das indústrias na gestão de resíduos.
Compre localmente: Valorize o comércio local, encurtando distâncias e fortalecendo a economia da sua região por meio do pequeno e médio comércio. Conheça produtores locais de alimentos orgânicos, cosméticos naturais, roupas artesanais e produtos biodegradáveis. Informe-se sobre a origem e os insumos utilizados, ampliando sua consciência sobre o consumo e criando conexões afetivas. Além disso, valorize também o comércio nacional.
Faça compostagem: Transforme o lixo orgânico em adubo. A compostagem resolve metade do problema, uma vez que os resíduos orgânicos representam cerca de 50% do total produzido pelas famílias. Você pode adquirir ou construir uma composteira e aprender a gerenciá-la adequadamente. Além de reduzir o desperdício, o composto pode ser utilizado para cultivar alimentos em casa ou apoiar hortas comunitárias. Considere a entrega de resíduos a empresas de compostagem urbana e apoie a implementação da compostagem pública.
Dispense o carro: O setor de transporte é responsável por uma grande parcela das emissões globais de gases de efeito estufa. Evitar o uso do carro contribui para a redução da poluição, especialmente do CO2. Opte por bicicleta, transporte público ou caminhadas sempre que possível. Essas mudanças devem ser acompanhadas por políticas públicas que tornem as cidades mais amigáveis aos pedestres e ciclistas, invistam em transporte público eficiente e utilizem fontes renováveis de energia.
Consuma de forma responsável: Questione a origem dos produtos que você compra, consuma menos e reutilize mais. Prefira alimentos in natura, especialmente orgânicos ou minimamente processados. Evite compras desnecessárias de roupas e dê preferência a peças artesanais ou brechós. Valorize produtos biodegradáveis, como cosméticos e produtos de limpeza. Opte por móveis de madeira certificada, eletrodomésticos duráveis e consuma em feiras de pequenos produtores e agroecológicas. Experimente formas alternativas de consumo, como trocas e permutas.
Não desperdice alimentos: O desperdício de alimentos ocorre em todas as etapas da produção. Valorize o trabalho dos agricultores e aproveite integralmente os alimentos. Por exemplo, as ramas da cenoura e as folhas da beterraba, do brócolis e do repolho são comestíveis, saborosas e nutritivas. Faça uma lista de refeições e seus ingredientes, armazene os alimentos adequadamente e congele o que não será utilizado antes que estrague.
Pressione o poder público: O aquecimento global é um problema sistêmico que exige uma abordagem sistêmica. Participe de movimentos ativistas, associações, cooperativas, ONGs e conselhos sociais em seu município. Antes de votar, verifique o compromisso dos candidatos com questões ambientais e acompanhe o cumprimento de suas promessas. Pressione os representantes, tanto online quanto nas ruas, para que tomem medidas efetivas em relação às questões ambientais.
Lembre-se de que as mudanças ocorrem um passo de cada vez. Comece observando suas necessidades básicas no dia a dia e expanda sua consciência sobre as causas dos desequilíbrios ambientais. A ação individual é importante, mas é essencial unir-se a coletivos, organizações e entidades que pressionem por mudanças efetivas e estruturais no poder público e privado. Vamos juntos nessa jornada?
Com informações da Exame