Quando se fala em sustentabilidade ambiental, é impossível não falar de economia. Primeiramente, é preciso considerar que muitos dos problemas ambientais do século XXI, se originam da falta de estratégia industrial em manter um desenvolvimento que utilizasse os recursos naturais de forma equilibrada.
“O modelo que estamos vivendo hoje, a chamada sociedade de consumo, é um esquema suicida e sem futuro. Nós estamos consumindo o planeta”. Já dizia o ecologista brasileiro, José Antônio Lutzenberger, ícone na luta pela conservação e preservação ambiental, em entrevista dada em 2000 à revista IHU – Instituto Humanitas Unisinos.
De acordo com ele, o pensamento que predomina sobre os setores econômicos é de que a economia deve sempre crescer, porém, não se considera que nada pode crescer para sempre quando o espaço é limitado.
Um dos problemas para que a economia permaneça no mesmo ritmo é o próprio sistema de medida de crescimento do país, o Produto Interno Bruto (PIB), uma vez que calcula o volume das atividades econômicas, sem registrar as perdas dos recursos não renováveis. Dessa forma, o próprio PIB impulsiona a população, as empresas e as indústrias a sustentarem o modelo que alimenta a sociedade de consumo.
“No último meio século, a economia global, medida pelo somatório do PIB dos países, cresceu cinco vezes. Em contrapartida, aproximadamente 60% dos ecossistemas mundiais foram degradados”. Relatou a advogada, Paula Franco Moreira, numa cartilha sobre o setor hidrelétrico e a sustentabilidade, publicada em 2012.
Seguindo o pensamento de Moreira, o modelo ideal de calcular o crescimento de um país deveria expressar suas condições ambientais, levando em conta a perda de seus recursos naturais. Afinal, no futuro, as condições territoriais poderão interferir no crescimento econômico e na qualidade de vida da população.
Em 2011, o PIB brasileiro fechou em R$ 4.143 trilhões, segundo dados do IBGE, registrando um aumento de 2,7% em relação ao ano anterior. Porém, esse número não registra a devastação da Floresta Amazônica, por exemplo. Muito pelo contrário, todas essas atividades contribuem para o aumento do PIB.
Para que o desenvolvimento continue de uma forma que não atinja a qualidade de vida futura, está na hora de todos os setores incorporarem atitudes sustentáveis. Já dizia o filósofo austro-francês, André Gorz, “para a ecoeconomia, é preciso parar de crescer em níveis exponenciais e reproduzir – ou ‘biomimetizar’ – os ciclos da natureza: para ser sustentável, a economia deve caminhar para ser cada vez mais parecida com os processos naturais”.
Um estudo realizado em 2011 por dois economistas da USP, Andrei Cechin e Henrique Pacini, aponta que a proposta de economia verde “é a de um sistema econômico dominado por investimento, produção, comercialização, distribuição e consumo, de maneira a respeitar os limites dos ecossistemas, mas também como um sistema que produz bens e serviços que melhoram o ambiente, ou seja, que tenham um impacto ambiental positivo”.
Seguindo essa lógica, para ter um crescimento econômico diminuindo o impacto ambiental, é preciso que a indústria e as novas tecnologias estejam voltadas a um estilo de produção e de produto que reduza a degradação do meio ambiente. Ou seja, que diminua as emissões de gás carbônico e a poluição, melhore a eficiência energética e dos recursos e preservem a biodiversidade.
Consumidor Consciente
Para André Gorz, a postura da sociedade é quase tão importante quanto à dos setores econômicos. A população deve assumir uma conduta ética de consumo, de forma a estimular a sustentabilidade e deixar para traz o pensamento de “quanto mais, melhor”, adotando a lógica do “isso me basta”.
Dessa forma, o consumidor sustentável deve ser mais fiel à sustentabilidade do que ao consumo. Interessado em saber o comportamento do consumidor atual, o Instituto Akatu realizou uma oficina durante a Conferência Internacional Ethos 2009, em São Paulo, para discutir o assunto.
Eles constataram que a população já está mudando o seu modo de pensar sobre a relação empresarial com o meio ambiente e sobre a sua própria responsabilidade quanto ao consumo.
Empresas inteligentes podem tiram vantagens sobre isso. Investir na sustentabilidade pode ser visto como inovação e aumentar a competitividade no mercado. Unir a estratégia econômica com a de responsabilidade social pode estimular os consumidores a também investirem em produtos sustentáveis.
Todavia, para que a economia sustentável funcione e os investimentos das empresas não se tornem inviáveis à população, o governo também precisará fazer a sua parte. Não basta estimular a compra de produtos ecologicamente corretos, é preciso ajudar a população e as indústrias a dar esse passo. A redução de impostos, por exemplo, poderia baixar o preço dos produtos e torná-los acessíveis a todas as camadas sociais.