Apresentado à Brasília pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o projeto de transposição de águas da bacia do rio Paraíba do Sul para o Sistema Cantareira, atualmente com 12,4% da sua capacidade, tem sido alvo de estudos, investigações e atritos entre autoridades. Concluído em março, um relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), indica que a bacia do rio Paraíba pode secar em oito meses, o que inviabiliza o prosseguimento das obras.
O documento tem como base a seca registrada em 1955 na região, considerada como a pior estiagem da história, e relaciona com a vazão atual, de 190 mil litros por segundo, bombeada para a geração de energia pela companhia Light e para o abastecimento de 80% do estado do Rio de Janeiro. Deste modo, segundo a estimativa, a bacia, composta pelas represas Jaguari, Santa Branca, Paraibuna e do Funil, atingiria o nível de 1,8% em novembro.
Enquanto aguarda as aprovações da Agência Nacional de Águas (ANA) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o empreendimento almejado por São Paulo tem enfrentado a resistência do governo fluminense, uma vez que Sérgio Cabral já o classificou como “inviável”. Por outro lado, Alckmin argumenta: “Não tem nada a ver com o Rio de Janeiro, porque o Rio de Janeiro tem vazão mínima garantida pela ANA. Ninguém pode mudar isso”.
Caso as vazões sejam reduzidas, o volume dos reservatórios da bacia do Paraíba do Sul continuará sendo afetado, com possibilidade de chegar entre 6,6% e 13,7% em novembro, comprovando a ameaça de um colapso. À medida que a gestão do Sistema Cantareira é alvo de um inquérito civil, o Grupo Técnico de Assessoramento para gestão do Sistema Cantareira (GTAG-Cantareira) prevê o esgotamento do volume útil dos reservatórios em julho deste ano.