Cada brasileiro consome, em média, 5,2 litros de agrotóxicos por ano. Este dado foi divulgado no último dia 3 de dezembro, quando é celebrado o Dia Internacional da Luta contra os Agrotóxicos.
Desde 2008, o Brasil está na liderança dos maiores consumidores de defensivos agrícolas e ambientalistas creditam este consumo ao modelo brasileiro, que é direcionado ao agronegócio para exportação e, por isso, altamente dependente de pesticidas.
O país movimenta 19% do mercado mundial de agrotóxicos, enquanto os Estados Unidos ficam com 17%. Segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), entre 2000 e 2010, o consumo dessas substâncias aumentou 190% no Brasil, ao passo que o crescimento mundial foi de 93% no mesmo período.
Vale destacar que o país permite o uso de substâncias já proibidas em outros lugares. Nessa lista estão o Tricolfon, Cihexatina, Abamectina, Acefato, Carbofuran, Forato, Fosmete, Lactofen, Parationa Metílica e Thiram. Quatro outros agrotóxicos foram banidos em 2013 pelos altos riscos à saúde humana: Endosulfan, Paraquat, Metamidofóis e o Glifosato, porém pesquisadores e ambientalistas suspeitam que eles ainda estejam em uso na agricultura. Todas essas substâncias são associadas ao câncer e a outras doenças de fundo neurológico, hepático, respiratório, renais e má formação genética.
Grande parte dos alimentos consumidos nas casas brasileiras contém uma quantidade de defensivos agrícolas maior do que a permitida mundialmente e os impactos são sentidos tanto pelos trabalhadores rurais, que estão em contato direto, como pelos consumidores, já que é impossível se livrar dos pesticidas usados no plantio.
De acordo com o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para), da Anvisa, produtos como arroz, alface, mamão, cenoura, laranja, morango, pimentão e soja apresentam agrotóxicos. Porém, os efeitos destes pesticidas estão presentes em praticamente toda a cadeia alimentar, como no leite e na carne.
Um dos problemas mais importantes associado ao uso dessas substâncias é a pulverização aérea, pois uma pequena parte do agrotóxico cai na planta e o resto se deposita no solo, na água e nas comunidades que moram ao redor da plantação, acumulando acidentes, vítimas e reclamações, apesar da legislação estabelecer a distância mínima de 500 m de qualquer povoado para o uso desses produtos.
O caso da pulverização aérea é tão séria que os ambientalistas da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida querem a proibição desta prática, além do fim da comercialização de princípios ativos proibidos em outros países e o fim da isenção fiscal para os agrotóxicos.
Entretanto, a fiscalização atinge uma porção muito pequena de culturas, o que coloca a saúde da população e os recursos naturais em risco.