Floresta Amazônica
Foto: Lubasi

O Brasil foi contra as medidas de verificação internacional de conservação das florestas alegando que o modelo proposto pelo grupo dos países ricos era exagerado. Por conta disso o país foi acusado de atrapalhar e atrasar as negociações sobre as iniciativas do REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação), que incluíam o financiamento da preservação de florestas tropicais que aconteceu na COP-18, em Doha, Qatar.

O REDD é um mecanismo criado para reduzir a emissão de carbono, o desmatamento, criar valores econômicos para as florestas e oferecer compensação financeira para os países que preservarem suas florestas tropicais.

O grupo dos países ricos pediu medidas de verificação por um grupo internacional independente como forma de compensação para que eles liberassem mais verbas para as iniciativas do REDD, porém as negociações não foram concretizadas já que o Brasil e as outras nações do G77 foram contra as medidas exigidas pelo grupo dos países ricos.

Emissão CO2
Foto: Klimenko

Juntamente com outras nações do G77, o Brasil considerou que os países financiadores do REDD estavam adotando medidas mais rigorosas para os países em desenvolvimento, do que em relação aos padrões de verificação usados pelos próprios países ricos quanto à sua emissão de carbono.

Cabe ressaltar que a maior fonte brasileira de emissões de carbono deriva dos desmatamentos e queimadas nas principais florestas nacionais, consideradas o lar da mais rica biodiversidade do mundo.

O negociador brasileiro na conferência, Luiz Alberto Figueiredo Machado, usou o termo “modelo doméstico” em uma entrevista coletiva para definir o tipo de verificação que o Brasil acha correta.

Considerado teimoso pela organização Tropical Forest Group, o Brasil foi responsabilizado pelo fracasso das negociações do REDD, a oposição da delegação brasileira desagradou os defensores da comercialização dos certificados de redução de emissões, que têm grande interesse nas medidas rigorosas de verificação.

Fóssil do Dia
Foto: G1

O país foi um forte candidato ao prêmio Fóssil do Dia sob cogitação da ONG CAN (Climate Action Network), um prêmio de gênero negativo dado àqueles que atrapalham as negociações climáticas da COP 18.

Mas, nem todos apresentaram opinião negativa sobre a atitude do Brasil, Morrow Gaines Campbell III, especialista em clima da ONG Vitae Civilis, disse o seguinte “Do jeito que a verificação externa foi proposta, ela tem exigências muito altas. Especialmente se levarmos em consideração que a maioria dos países que têm florestas tropicais para aplicar o REDD, tem capacidade limitada de ação e recursos. O Brasil quer um processo mais simples e acessível para essas nações”.

Devido à oposição do Brasil e de outros países não houve acordo e as discussões do REDD foram adiadas para serem novamente discutidas somente na COP 19.

Contudo, em um ponto todos concordam que para os países conseguirem uma redução significativa nos níveis de emissão de carbono será preciso recursos financeiros dos setores públicos e privados.

árvore
Foto: Flavioloka

Aparentemente o único ponto positivo da COP 18 foi à extensão do protocolo de Kyoto, que deverá incluir os países em desenvolvimento no acordo até 2015 e conseguir finalmente a tão esperada adesão dos EUA, um dos maiores poluidores e responsáveis pelo efeito estufa.

Agora todos caminham rumo a COP 19 que deverá ser realizada em algum país do leste europeu, provavelmente na Polônia, no qual se espera obter resultados positivos sobre o financiamento da preservação de florestas tropicais e a verificação internacional da conservação das florestas.