A combinação entre a escassez de chuvas, clima seco e a bitucas de cigarro jogada na mata são fatores propícios ao surgimento de queimadas em florestas no interior paulista. Para combatê-las, desde 2011, a Secretaria do Meio Ambiente implantou a Operação Corta Fogo, um projeto que faz o rastreamento por satélite das matas a fim de prevenir que o fogo tome grandes proporções e resulte no desmatamento. Segundo o balanço da Secretaria, após dois anos de trabalho os focos de incêndio reduziram 12% em 2013 em todo o estado em relação ao ano passado.
A ideia surgiu por conta do aumento do número dos focos de incêndio no estado, que de acordo com os dados da primeira aferição da Secretaria e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) em 2010, chegou a máxima de 2.837 ocorrências. Com o objetivo de monitorar, prevenir e combater incêndios nas florestas, o projeto prevê a integração das ações de monitoramento chuvas e umidade do ar via satélite e prevenção com o auxílio do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil Estadual, Exército e concessionárias de rodovias responsáveis pela manutenção das estradas paulistas.
Outra frente de atuação da operação, além da identificação do foco de queimada via satélite é realizada com a ajuda da população.Ao identificar um foco de incêndio no meio da mata ou próximo as rodovias, o cidadão pode acionar os bombeiros, a polícia e autoridades responsáveis pelo telefone 193. A recomendação é para que as pessoas não tentem combater o fogo.
Como parte da operação e para desenvolver a ideia de proteção das pessoas que identificarem a ocorrência, os oficiais do Corpo de Bombeiros e do Exército realizaram trabalho de conscientização aos moradores da região Jardim Eulina, em Campinas sobre as principais causas dos incêndios que acontecem frequentemente na região, e os perigos envolvidos caso algum deles pretenda combater as chamas sozinhos. Durante as passagens pelas casas os agentes entregaram folhetos com orientações sobre como prevenir as queimadas.
De acordo com a ARTESP – Agência de Transporte do Estado de São Paulo, uma das concessionárias de rodovias participantes do projeto, o número de queimadas nos 6,3 mil km das rodovias sob concessão do estado diminuiu 22,6% entre junho e agosto de 2013. É justamente nesse período, segundo o órgão, que o clima está mais seco devido ao inverno, o que consequentemente resulta em incêndios nas matas.
Embora os números sejam promissores, alguns trechos de estrada da região de Araras não revelaram queda dos índices de queimadas. Segundo a reportagem do Grupo Opinião, jornal da cidade, as rodovias Anhanguera (SP-330, no trecho administrado pela empresa) e Wilson Finardi (SP-191, nos trechos entre Rio Claro, Araras e Conchal), não tiveram taxa de redução de foco de incêndio entre 2012 e 2013 no período de junho a agosto.
Ainda que haja dificuldade para combater plenamente os incêndios, a operação é importante, pois as queimadas resultam em diversos problemas ao meio ambiente, como o aquecimento global, aumento das emissões de gases de efeito estufa (GEE), intoxicação da população ao redor do incêndio, eliminação de áreas florestadas, além de danos à fauna e à flora.