Quando, em setembro de 2015, a Organização das Nações Unidas (ONU) apresentou um plano de diretrizes para melhorar os indicadores econômicos e ambientais em âmbito global, grande parte dos 17 objetivos do desenvolvimento sustentável que foram estipulados estava diretamente relacionada às populações humanas.
Isso sinaliza como a percepção da sociedade e dos governos está sendo afetada por uma visão renovadora da relação entre o homem e natureza, que implica na visão do ser humano como parte integrante do meio ambiente. A visão da ecologia social se desenvolve a partir desse princípio, entendendo que uma agressão ao homem é também uma forma de agredir a natureza, uma vez que ele é parte de um sistema que deve funcionar em harmonia.
Este documento da ONU que registra os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável prevê, entre outras coisas, a universalização dos benefícios que serão alcançados por meio de ações sustentáveis como o combate à poluição e à escassez dos recursos naturais. Além disso, os objetivos determinam a eliminação de fenômenos que ferem a dignidade ética da humanidade, como a mortalidade infantil, a desigualdade de oportunidades, a fome, a extrema pobreza e o analfabetismo.
Para que o desenvolvimento seja considerado sustentável, portanto, é necessário muito mais do que reduzir os impactos ambientais da atividade humana: é preciso compartilhar adequadamente os benefícios entre as populações, o que compreende garantir níveis dignificantes de qualidade de vida para todos, com oportunidades de desenvolvimento em todas as frentes.
Conscientização e ecologia social?
Não é possível pensar no futuro sem conscientização e sem ações concretas no presente. É preciso que a sociedade se remodele de modo que as cidades deixem de ser sistemas hostis ao meio ambiente, sobretudo no que diz respeito ao descarte de detritos. Por outro lado, para que as políticas tenham sustentabilidade por conta própria, é preciso que se crie uma sociedade com uma nova consciência.
Na visão da ecologia social, a abordagem mais crítica não deve cair sobre os progressos industriais e tecnológicos, mas sobre as relações humanas e o nível de consciência coletiva, política e social. O que realmente torna o homem um ser nocivo à natureza é a vontade predatória, primitiva e egoísta, a visão de si mesmo acima do sistema em que está inserido — que é justamente a natureza.
Para entender melhor essa questão, uma boa abordagem é o impacto do consumismo desenfreado no meio ambiente: em uma sociedade socialmente ecológica é preciso um homem que condicione o ter às suas necessidades reais.