Embora a capacidade do sistema Cantareira tenha se mantido estável em 14,6% nos últimos dias, segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afirmou que a Agência Nacional de Águas (ANA) analisa a possibilidade de captar água do Rio Paraíba do Sul. A medida é uma forma de aumentar o nível do maior reservatório de água de São Paulo, responsável por abastecer quase 9 milhões de pessoas na região metropolitana, que tem chegado a estados críticos devido à falta de chuvas.
Composta por rios de São Paulo, Minas Gerais e do Rio de Janeiro, a bacia do Rio Paraíba do Sul é a principal fonte de captação da região metropolitana do estado fluminense e algumas dessas reservas aquáticas têm vazão controlada por hidrelétricas da Companhia Energética de São Paulo (Cesp). “O governador [Geraldo Alckmin] pediu que nós, do governo federal, avaliássemos tecnicamente essa proposta, quanto ao impacto e à energia gerada. E também fazer a interlocução técnica com Minas Gerais e Rio de Janeiro”, disse a ministra.
O projeto foi apresentado ao governo federal no dia 18 de março e espera análise, já que o rio Paraíba do Sul é interestadual. As previsões são de que a iniciativa necessite de um investimento de aproximadamente R$ 500 milhões, sendo executada pela Sabesp. No entanto, conforme estimativas de Geraldo Alckmin, a interligação do sistema Cantareira a bacia do Rio Paraíba do Sul pode levar até quatro meses para ter início e mais 14 meses para ser concluída.
Enquanto aguarda pela autorização da ANA e Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o governador paulista ressalta que implementar um empreendimento como esse objetivo estava planejado para 2020. Basicamente, a ideia é conectar o sistema Cantareira à represa Jaguari, formada pelo curso d’água de mesmo nome, situada no município de Igaratá. “Nossa proposta é interligar com uma regra: toda vez que o Cantareira baixar de 35%, você bombeia água do Jaguari para o Cantareira. Toda vez que sobrar água, o inverso também vale”, argumenta Alckmin.
Contudo, apesar de solucionar os problemas causados pela seca constante no verão de São Paulo, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, classificou o projeto de interligação como “inviável”. “Meus técnicos adiantaram que é uma possibilidade remota, porque ela implica em atrapalhar o abastecimento da população do Rio. Isso não será tolerado”, afirma Cabral. Para evitar polêmica, o governador fluminense explicou que o estado do Rio não tem água suficiente para atender a população em 8% do tempo e, por isso, teme que a conexão aumente essa porcentagem.
Atualmente, a iniciativa considerada como mais palpável é a captação da reserva estratégica, isto é, a busca por recursos dispostos em profundidades que até então eram inalcançáveis para as bombas dos reservatórios. Sendo assim, a obras foram orçadas em R$ 80 milhões e a Sabesp anunciou que os trabalhos começaram no dia 17 de março e que devem ser finalizados em dois meses.
Com potencial para tornar útil uma reserva de 200 bilhões de litros d’água, a empreitada demandará a construção de dois canais (que somam 3,5 km de extensão) e a instalação de 17 bombas, “cuja função é retirar o volume do fundo das represas e encaminhá-lo aos túneis”, explica a Sabesp. Além disso, a água obtida será encaminhada até a Estação de Tratamento de Água Guaraú, na zona norte de São Paulo.