O resgate crescente das técnicas agrícolas conhecidas como pousio e rotação de culturas é um movimento resultante de uma conscientização cada vez mais ampla a respeito da importância de preservar a natureza e criar alimentos mais saudáveis para a população.
Essas técnicas, utilizadas na agricultura tradicional e que por muitos anos foram anos ignoradas em prol do crescimento da agricultura moderna, vêm se mostrando capazes de incrementar a economia e restaurar os pequenos agricultores para as áreas rurais, onde cultivam para sua subsistência e própria renda.
A técnica do pousio
Mais do que não utilizar maquinários, inseticidas ou fertilizantes e de resgatar o trabalho humano, a técnica do pousio traz os primórdios agrícolas realizados há milhares de anos.
O pousio respeita as condições naturais da terra, as particularidades dos alimentos e o local onde eles estão plantados. A técnica impede o desgaste do solo — já que, após o plantio de uma cultura por um determinado período, há um descanso estratégico da plantação para que o solo consiga se recuperar adequadamente.
Essa atitude permite que haja recuperação da bioestrutura do local, maior profundidade de enraizamento e qualidade de nutrientes para um futuro plantio. Alguns agricultores que realizam o pousio plantam espécies arbóreas para ampliar a regeneração da região, elevando o número de nutrientes minerais e a diminuição de doenças e ervas competidoras, pelo efeito da rotação.
O período de entressafra e descanso do solo não significa, necessariamente, falta de cultivos: por mais que ocorra uma pausa entre a produção agrícola, é perfeitamente viável que haja diferentes espécies vegetais, que podem ser úteis não apenas para o solo como para as famílias.
Como é feita a rotação de culturas?
Com a implantação crescente da agricultura moderna logo no início da Revolução Industrial, a rotação de culturas foi caindo em desuso até ser redescoberta atualmente pelo resgate da agricultura tradicional como criação sustentável e orgânica.
A rotação de culturas permite a mudança da criação de alimentos na mesma terra, sendo que a cada temporada ela realiza a otimização dos recursos naturais do solo e do ecossistema ao redor, garantindo o enriquecimento de seus nutrientes e maior qualidade produtiva.
Com a rotação de culturas, o solo se torna mais rico de nutrientes por receber elementos diferentes em cada período, o que valoriza seus componentes e faz com que a natureza tenha maior amplitude para sua regeneração. O mesmo ocorre com as pragas, que se distinguem para cada espécie de plantas, facilitando um cultivo mais seguro e livre de inseticidas.
Nessa técnica, o agricultor planta uma determinada espécie em uma temporada e, após sua colheita e preparo da terra, inicia a semeadura de outro tipo de planta, bem diferente da anterior — mesmo que pertençam à mesma família botânica. A técnica utiliza a própria natureza e seus elementos biológicos para obter seus produtos, sem que haja qualquer interferência química no manejo.
Para obter maior vantagem desse tipo de cultivo, é indicado que sejam intercalados tipos de criação, com exigências distintas umas das outras e que permitam a real renovação do solo e de seu ecossistema.