Durante a 6ª Conferência Internacional em Eletrocerâmica, realizada de 9 a 13 de novembro, em João Pessoa, na Paraíba, Sossina Haile, professora de Ciência dos Materiais e Engenharia Química no California Institute of Technology (Caltech), nos Estados Unidos, apresentou sua pesquisa relatando o desenvolvimento de uma estrutura capaz de transformar energia solar em combustível que pode ser estocado e disponibilizado para veículos.
“Para realizar a conversão de energia utilizamos um material cerâmico, o óxido de cério (CeO2)”, conta Sossina Haile. Quando exposto a altas temperadas, o componente libera oxigênio (O2) sem perder sua estrutura e absorve O2 quando resfriado. “Se o processo [resfriamento] ocorrer na presença de vapor de água (H2O) ou gás carbônico (CO2), o oxigênio será retirado das moléculas das substâncias e a reoxidação resultará na liberação de hidrogênio (H2) ou de monóxido de carbono (CO), ambos com grande potencial para combustíveis”, explica.
No entanto, assim como a professora do Caltech, diversas comunidades científicas questionaram sobre quais modificações seriam feitas para que o material demonstrasse eficiência ao operar com temperaturas mais baixas. “Verificamos que, agregando zircônio (Zr) ao óxido de cério, é possível liberar o oxigênio com temperaturas menores. O zircônio possibilita abaixar a temperatura porque torna a liberação de oxigênio da estrutura mais fácil do ponto de vista termodinâmico”, esclarece Sossina Haile.
O reator, basicamente, consiste numa cavidade com isolação térmica, revestida por óxido de cério e conta com uma tampa produzida a partir de tampa de quartzo, objetivando o armazenamento de radiação solar. Portanto, ao gerar principalmente hidrogênio, um elemento muito utilizado para mover automóveis híbridos, a tecnologia desenvolvida por Sossina Haile desponta como uma forma inovadora de produção de energia sustentável.