Cada vez mais o mundo discute a necessidade da agricultura orgânica em substituição aos métodos tradicionais de cultivo de alimentos. Para quem ainda não conhece, a agricultura orgânica é ecologicamente correta porque considera todas as características do solo, clima, topografia, água, biodiversidade e até mesmo radiação presente no local, criando um cenário no qual o meio ambiente não sofre os reflexos das plantações. É uma técnica que não polui o solo e o lençol freático, já que não permite o uso de agrotóxicos e outras substâncias poluentes, o que também garante alimentos mais saudáveis para a sociedade.
Mesmo sendo uma alternativa viável e que traz inúmeros benefícios para o meio ambiente e para a saúde humana, e sendo o Brasil um dos países com maior quantidade e terras agrícolas do planeta, somente 1% de toda a agricultura brasileira é orgânica. Este cenário foi revelado no estudo da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, a OCDE. “Programas de apoio, como o de Agricultura de Baixo Carbono, querem estimular uma agricultura mais sustentável e o uso eficiente de insumos. Entretanto, esses esforços continuam a ser em pequena escala”, ressalta o levantamento nacional.
De acordo com os pesquisadores responsáveis pelo estudo, o problema principal está na falta de subsídios para os agricultores que desejam implementar a atividade orgânica em suas plantações. Além disso, substâncias fertilizantes que danificam o solo possuem isenções fiscais, o que faz com o que o preço destes produtos seja baixo e utilizado em grande escala em todo o país. Vale ressaltar que o Brasil é o país que mais consome fertilizantes em todo o mundo.
Estudo encomendado pelo governo federal foi apresentado em Brasília na presença do secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, e também dos ministros do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e da Fazenda, Joaquim Levy.
Sustentabilidade em tempos de crise
Segundo avaliação dos pesquisadores brasileiros, a agricultura orgânica e outras práticas ecologicamente sustentáveis podem crescer neste momento de crise que o Brasil enfrenta. “No cenário atual de uma economia em retração, uma melhor integração dos objetivos ambientais às políticas econômicas e setoriais ajudaria o Brasil a avançar na direção de um desenvolvimento mais verde e mais sustentável. O crescimento econômico e a expansão urbana, agrícola e da infraestrutura também aumentaram o consumo de energia, o uso de recursos naturais e as pressões ambientais. A qualidade e a abrangência dos serviços ambientais precisam ser melhoradas”, afirma o texto do relatório entregue em Brasília.
Desmatamento e energia limpa: extremos brasileiros
Dentro do estudo também foi abordado o grave problema do desmatamento no Brasil, que foi reduzido consideravelmente nos últimos anos, mas que ainda permanece em níveis assustadores. No país, 4.800 mil quilômetros de área nativa são desmatados todos os anos, cerca de 1/4 do território de um país com as dimensões territoriais de Israel.
Por outro lado, a emissão de gases de efeito estufa foi reduzida em 40% pelo Brasil, já abaixo da meta estabelecida para todas as nações do mundo nos próximos anos. Além disso, a OCDE também ressalta que o país já apresenta evoluções em várias questões relacionadas ao meio ambiente, como no uso de 80% de toda a energia proveniente de fontes renováveis. Ao redor do mundo a média não ultrapassa a barreira dos 22%.