Poluição luminosa, perda do habitat e pesticidas contribuem para a extinção do inseto.

Os vaga-lumes fazem parte do nosso patrimônio de biodiversidade. Conhecidos por serem pontinhos brilhantes durante a noite, eles são uma criatura icônica e desempenharam um papel em muitas culturas – fizeram parte de músicas, contos de fadas e afloram a imaginação das crianças. Existem mais de 2.000 variedades de vaga-lumes e os cientistas estão alertando que algumas delas estão à beira da extinção.

Essa notícia não é novidade. Estudos anteriores já apontavam para um surto de extinção de insetos, com até 41% de espécies de insetos enfrentando sérios riscos de desaparecimento. Uma nova pesquisa publicada recentemente na revista BioScience indica que a perda de habitat, poluição luminosa e pesticidas estão ameaçando a sobrevivência dos vaga-lumes. Alguns fatores vêm contribuindo bastante para isso:

Perda do habitat: é a principal culpada por modificar as condições ambientais necessárias ao desenvolvimento do vaga-lume para seu ciclo de vida. Um exemplo é a espécie de Pteroptyx tener, originária na Malásia que, para se reproduzir de forma adequada, precisa de manguezais e plantas específicas que vêm sendo substituídas por fazendas de aquicultura e plantações de óleo de palma.

Poluição luminosa: o uso de luz artificial à noite é a segunda maior ameaça para eles. Esse tipo de iluminação pode ocorrer de maneira direta, com luzes de rua e outdoors, e uma iluminação mais difusa que se espalha no céu. Essa “poluição luminosa” atrapalha os rituais de acasalamento da espécie. Os vaga-lumes machos exibem padrões bioluminescentes específicos para atrair as fêmeas, que em troca devem emitir respostas. Infelizmente, as luzes artificiais podem imitar e, portanto, confundir os sinais. Ou, pior ainda, a poluição luminosa pode ser muito forte para os vaga-lumes emitirem e reconhecerem adequadamente seus sinais rituais para que o acasalamento seja iniciado ou concluído.

Pesticidas: têm sido um fator determinante significativo no declínio das populações de vaga-lumes. A maioria delas passa por estágios larvais, em que ficam enterradas ou debaixo da água por até dois anos enquanto se desenvolvem. É nesse período que os insetos estão mais vulneráveis a inseticidas como neonicotinóides ou organofosfatos – que são usados para matar pestes, mas que podem acabar afetando também insetos benéficos, incluindo os vaga-lumes. Como resultado, as larvas morrem de fome ou apresentam anomalias de desenvolvimento que impedem o crescimento populacional.

A pesquisa também identificou algumas espécies que parecem estar especialmente ameaçadas. A Phausis reticulata, conhecidos como “fantasma azul” pelo forte brilho colorido que emite, está sob sério risco. As fêmeas da espécie não têm asas e dificilmente conseguem migrar de habitat caso ele seja destruído.

Como posso ajudar?

Agora que ficou claro quais atitudes estão contribuindo para a extinção dos vaga-lumes, podemos fazer pequenas mudanças que irão ajudar a melhorar a situação:

– Evitar o uso de produtos químicos no seu jardim ou horta;
– Deixar vermes, caracóis e lesmas para as larvas dos vaga-lumes se alimentarem;
– Desligar as luzes;
– Fornecer uma boa cobertura do solo, gramíneas e arbustos para eles se esconderem.

Pode parecer uma luta improvável, mas salvar os vaga-lumes realmente importa – mesmo que indiretamente. Os habitats dos vagalumes também abrigam muitas formas de vida selvagem, incluindo mamíferos, pássaros, répteis, anfíbios e várias espécies de invertebrados e da flora. E para não falar da sua profunda importância para nós. Quanto mais maravilhas perdemos na natureza, menos nos sentimos emocionalmente empenhados em protegê-la.

Fontes: INHABITAT | The Hugger | Super Interessante