Diva Amon, bióloga marinha de Trinidad e Tobago, recentemente liderou uma expedição de 20 dias ao arquipélago de São Paulo e São Pedro, no Brasil. Equipada com submarinos, a equipe tinha a missão de explorar as profundezas do oceano Atlântico, revelando paisagens submarinas únicas e, esperançosamente, encontrando fontes hidrotermais. No entanto, o que encontraram foi muito mais alarmante: uma quantidade inimaginável de lixo.

“Eu nunca vi tanto lixo na minha vida”, conta Amon. “Estava por toda parte, desde livros até materiais de isolamento doméstico. O que é mais chocante é que a maior parte desse lixo não é visível à superfície; ele se fragmenta em microplásticos que estão em todos os lugares.”

Essa descoberta não é um incidente isolado. Um estudo recente revelou que no Brasil, a cada ano, cerca de 2,3 milhões de toneladas de plástico têm alto risco de chegar ao oceano. Isso representa um terço do total de plástico consumido no país.

O problema é generalizado, mas as áreas mais afetadas são aquelas próximas às fozes dos rios Amazonas, Tocantins e Paraíba do Sul, além da Baía de Guanabara e da Lagoa dos Patos. Nessas regiões, a concentração de plástico é alarmante, com sérias consequências para o meio ambiente marinho e para as comunidades costeiras.

O que torna essa situação ainda mais preocupante é que a maior parte desse plástico é composta por itens de uso único, como sacolas plásticas e garrafas. Esses materiais, muitas vezes descartados de forma irresponsável, acabam encontrando seu caminho para os rios e, eventualmente, para o oceano, onde representam uma ameaça para a vida marinha e para os ecossistemas costeiros.

Para lidar com esse problema crescente, iniciativas como o projeto Blue Keepers estão buscando soluções inovadoras. Com o objetivo de reduzir em 30% o lixo plástico que chega ao oceano até 2030, o projeto está trabalhando em parceria com municípios em todo o país para desenvolver estratégias de prevenção e reciclagem.

Mas resolver o problema do lixo no mar vai além de simplesmente limpar as praias. É necessário investir em infraestrutura, educação ambiental e no desenvolvimento de alternativas sustentáveis aos plásticos de uso único. Somente com uma abordagem abrangente e colaborativa podemos proteger nossos oceanos e garantir um futuro sustentável para as gerações futuras.

A poluição marinha é um desafio global que exige uma resposta global. Somente através da cooperação entre governos, empresas e comunidades podemos enfrentar esse desafio e proteger os oceanos que sustentam a vida em nosso planeta.

Com informações National Geographic.