A destinação adequada dos resíduos sólidos representa um desafio urgente para a América Latina. Embora os serviços de coleta atendam a 85% das áreas urbanas da região, cerca de 45% dos resíduos acabam em locais impróprios, como lixões a céu aberto, contaminando o solo, corpos d’água e até o ar.

Diante desse cenário, iniciativas inovadoras buscam reaproveitar materiais descartados por meio de aplicativos no Peru, blockchain no Chile e geração de energia no Brasil.

Na Argentina, cooperativas de catadores, conhecidos como cartoneros, têm se organizado para melhorar as condições de trabalho e as práticas de reciclagem. A Dignidad Cartonera, em Rosário, colaborou com a prefeitura em um projeto-piloto de coleta seletiva porta a porta, ensinando moradores a separar corretamente os resíduos recicláveis e negociando com empresas de reciclagem para obter uma remuneração mais justa pelo trabalho.

No Chile, o projeto Atando Cabos coleta resíduos plásticos da aquicultura, transformando-os em materiais reutilizáveis. A iniciativa usa a tecnologia blockchain para garantir a transparência e a eficiência de suas operações, registrando cada etapa da cadeia de valor em um livro-razão online acessível por meio de um QR code anexado ao produto final.

Já no Rio de Janeiro, Brasil, a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) mantém uma usina pioneira que processa 12,5 toneladas de resíduos orgânicos por dia, transformando-os em biogás e adubo. A usina é autossuficiente graças à geração de biogás e ainda produz o composto Fertilurb para uso no programa Hortas Cariocas, financiado pela ONU.

No Uruguai, país com a maior produção per capita de resíduos eletrônicos do Cone Sul, o governo trabalha na criação de uma regulamentação específica sobre a gestão e o tratamento desses equipamentos. Um acordo entre o Ministério do Meio Ambiente, a prefeitura de Montevidéu e a cooperativa Volver a la Vida visa expandir a reciclagem de eletrônicos, promovendo uma economia circular e a inclusão social.

Por fim, o aplicativo ReciVeci, disponível no Equador e no Peru, conecta cidadãos e catadores autônomos para a coleta de recicláveis diretamente nas residências. Além de incentivar a reciclagem por meio de um sistema de pontos e prêmios, o app fornece métricas aos usuários, ajudando-os a medir seu próprio impacto na gestão de resíduos.

Essas iniciativas demonstram que é possível transformar resíduos em oportunidades sustentáveis, promovendo a economia circular, a inclusão social e a preservação do meio ambiente na América Latina.

Com informações de: O Eco