A ararinha azul é uma ave brasileira que se encontra seriamente ameaçada de extinção, devido ao desmatamento indiscriminado de árvores da caatinga, as queimadas e o tráfico ilegal de aves, além da baixa natalidade desta espécie.
Quais são suas características?
A ararinha azul é uma ave que mede entre 55 a 60 centímetros de comprimento, com uma envergadura de 1,20 metros de comprimento, pesando de 286 a 410 gramas. Possui ao longo de seu corpo uma plumagem azul que varia em tons pálidos e vividos. Nesta espécie não há dismorfismo sexual nítido, ou seja, as fêmeas e machos são semelhantes.
Esta belíssima ave é uma espécie exclusivamente brasileira, que só é encontrada no extremo norte do estado da Bahia; ao sul, na caatinga seca; e nas florestas ciliares abertas de pequenos afluentes temporários do rio São Francisco, entre as cidades de Juazeiro e Abaré. Também é conhecida por arara-celeste, arara-do-nordeste e arara-spixi. Seu nome científico, Cyanopsitta spixii, é uma homenagem ao naturalista alemão Johann Baptiste von Spix.
A ararinha azul se alimenta principalmente de flores, frutos, polpa, seiva e principalmente de sementes, como as de pinhão-bravo e faveleira. Estas aves constroem seus ninhos em caraibeiras (árvore típica do cerrado), em árvores que têm cavidades naturais ou em buracos feitos por pica-paus. Costumam voar em grupos ou em pares e os casais costumam dividir as tarefas de cuidar dos filhotes, lembrando que é uma espécie fiel, mantendo somente um único parceiro.
O seu período de reprodução associa-se a época das chuvas que ocorrem de outubro a março. A espécie dá início ao período de reprodução aos sete anos de idade e a fêmea tem em média dois filhotes, sendo que geralmente só um sobrevive. Para que a incubação dos seus ovos ocorra adequadamente, a fêmea passa longos períodos no ninho. Nessa época é o macho o responsável por sua alimentação. O ovo eclode após aproximadamente 28 dias.
Como ocorreu a sua extinção?
Com o desmatamento, as queimadas e o tráfico ilegal, a população desta ave foi reduzida restando apenas um único representante da espécie que desapareceu entre 2000 e 2001, pois teria morrido após bater em um fio de alta tensão.
Além da perda do habitat, existem outras causas para a sua exinção, como a competição com abelhas africanizadas por ninhos. Mas a caça e o tráfico de filhotes foi a principal delas. Os compradores eram atraídos pela sua beleza e principalmente por querer possuir uma espécie tão rara que chegava a custar no mercado negro cerca de U$S 100 mil. O tráfico mais intenso desta ave ocorreu nas décadas de 70 e 80, onde eram ilegalmente exportadas do Brasil. Em 2011, o filme de animação Rio teve como personagem principal uma ararinha azul, mostrando um pouco como funciona o tráfico de sua espécie.
A ararinha azul encontra-se seriamente ameaçada de extinção e hoje é declarada extinta na natureza pelo governo brasileiro. No entanto, a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) ainda classifica esta espécie como “em perigo crítico” e, possivelmente, “extinta na natureza”. Hoje ela existe somente em cativeiro, são aproximadamente 73 exemplares, integradas em um programa de reprodução em cinco centros: no Brasil, Espanha, Qatar e Alemanha, mas destas, apenas oito estão em nosso país, sendo que duas estão em exposição no Zoológico de São Paulo.
Desde o início da década de 90 existe um projeto para a localização de aves da espécie na natureza e para a recuperação desta com a tentativa de reintroduzir casais de aves, que hoje estão em cativeiro, na natureza, mas em uma área específica, bem guardada e adequada para a sobrevivência da espécie. Este projeto para a conservação da espécie é definido no Plano de Ação Nacional (PAN) para a Conservação da Ararinha-Azul e coordenado pelo CEMAVE (Centros Nacionais de Pesquisa e Conservação), recebendo apoio de pessoas e instituições.