Segundo estudos geoambientais, cerca de 70% da superfície do planeta é constituída por água, sendo que a água doce corresponde a apenas 3%. Desse total, 98% está contida no subterrâneo, restando apenas uma pequena parcela disponível e própria para o consumo humano.
Em contrapartida, estima-se que essa pequena parte corresponda a 10,5 milhões de Km³, o que equivale ao consumo de 16,3 trilhões de pessoas em um ano. Considerando que a população mundial pode chegar a 10 bilhões de pessoas em 2050, ainda haverá água por 1.600 anos se considerarmos o consumo sem o reaproveitamento.
Mas por que economizar a água?
Em primeiro lugar é preciso considerar que a água não é gasta apenas por cidadãos comuns. Para que as indústrias, a agropecuária, a agricultura e a maioria dos estabelecimentos de alimentação funcionem é necessário vários litros de água.
Para a produção de 1 kg de carne bovina, por exemplo, os criadores gastam 15 mil litros de água. No setor da agricultura, que consome o maior volume de água do mundo, só uma plantação de arroz utiliza 1,9 mil litros. As indústrias são responsáveis pela utilização de 21% da água do planeta e o gasto doméstico chega a apenas 10% do total.
Portanto, a água não serve apenas para nos manter limpos e hidratados, serve, principalmente, para nos manter alimentados. Uma simples plantinha pode ser composta por até 90% do líquido da vida. A falta dele em períodos de crescimento dos vegetais pode inviabilizar a produção agrícola e desequilibrar seriamente os ecossistemas.
Além disso, é importante ter em mente que a água não é distribuída de forma igualitária em todos os lugares do mundo. Em 34,7% dos países, como a China, o Irã e a Espanha, a água é insuficiente. Os EUA, a Argentina e Portugal, dentre outros, têm suficiência relativa e apenas 16,3% do globo tem água em abundância. Um destes países é o Brasil.
E por isso a responsabilidade dos brasileiros no racionamento de água e na defesa do patrimônio natural é ainda maior. Se já é assustador pensar que um sexto da população mundial, que correspondente a mais de um bilhão de pessoas, não têm acesso à água potável, imagine um futuro em que os países com maior densidade demográfica ficarão sem água.
De acordo com a ONU, até 2025, duas em cada três pessoas no mundo vão sofrer com a escassez moderada ou grave de água se os padrões de consumo se mantiverem. Agora, tente imaginar o quanto dessa escassez atingirá a produção de alimentos no mundo e quantos ecossistemas serão destruídos, levando espécies vegetais e animais à extinção.
Consequências do uso indevido dos recursos hídricos
Um exemplo bastante claro do desequilíbrio gerado pela falta de água é o que ocorreu na Ásia Central, na região do mar de Aral. Na década de 1960, a União Soviética desviou uma grande quantidade de água dos dois rios que alimentam o Aral para transformar a região numa grande produtora de algodão.
O uso desmedido de água e de fertilizantes para forçar a região imprópria para essa cultura a ser uma grande produtora quase secou o mar de Aral, tão importante para a pesca e o comércio local.
Em uma década, a região perdeu todo o seu poder econômico e se tornou um local de pobreza e desolação. A população ribeirinha sofre graves enfermidades causadas pela contaminação da água, as colheitas foram drasticamente reduzidas e até o clima se alterou. A região começou a ser atingida por violentas tempestades de areia, dispersando 150 mil toneladas de sal e areia contaminadas.
Com isso, é possível notar que tudo está relacionado: o clima, a água e as espécies vegetais e animais. É por isso que é tão importante preservar a água e não alterar os cursos hídricos das regiões para manter o equilíbrio dos ecossistemas.
Uma vez desequilibrados, toda a região poderá sofrer mudanças climáticas devido à alteração dos ciclos de chuva, levando a biodiversidade à morte. O que acontece é que para chover, a água dos oceanos, mares, rios e lagos evaporam com o sol, passando do estado líquido para o gasoso e subindo até a atmosfera, o que deixa o ar mais gelado e impede que o Planeta Terra esquente demais.
Já na atmosfera a água condensa, se transformando em gotículas de chuva e voltando para a superfície como água, neve ou granizo. Se a salinidade do mar aumentar, ou um rio secar, os níveis de chuva que abastecem os rios e lagos diminuirão, provocando uma perda em massa de vida e da característica da região.