A música online seria a opção mais ecológica? Entenda as diferenças e os impactos destas duas mídias
Os discos de vinil estão de volta. O formato pouco prático, que muitas pessoas achavam ter morrido nos anos 1990, voltou com tudo, atingindo ótimos níveis de vendas que há muitos anos não se via. Para quem viveu o auge do vinil, isso tem um grande significado, pois estas pessoas estão tendo a oportunidade reviver momentos nostálgicos.
Mas, tirando a questão afetiva que os discos de vinil carregam em si, existe um lado preocupante relacionado à produção deste material. A fabricação dos discos envolve o uso de uma série de produtos químicos poluentes, além de combustíveis fósseis e energia. Isso sem contar que não existe um mercado que absorva o vinil na reciclagem. Por isso, a solução encontrada por muitas pessoas é o reaproveitamento dos discos que não servem mais em projetos de artesanato.
O lado bom da história
Assim como um bom e velho disco, esta história também tem dois lados. Se por um lado, a produção de discos gera poluentes e um produto final de difícil inserção nos processos de reciclagem, por outro, a vantagem do LP é que ele dura décadas, às vezes até passando gerações, com boa aceitação nos mercados de escambo e vendas, sendo muito raro vê-lo acabar num aterro sanitário.
Os serviços de música online podem parecer a opção mais ecológica, mas não é bem assim. Milhões de arquivos digitais são transmitidos no mundo inteiro e precisam de servidores muito potentes para o processamento e transmissão de dados. Se analisarmos os dois formatos, o streaming gera emissões bem maiores de gases de efeito estufa, do que os plásticos petroquímicos usados na produção dos LPs.
Além disso, um estudo realizado pelo professor da Universidade de Oslo, Kyle Devine, publicado no ano passado, analisou o impacto ambiental do consumo de música, desde as primeiras gravações em goma-laca (posteriormente conhecidos como discos de 78 rotações), passando pelo vinil, fita cassete e CD até chegar na era da transmissão pela internet.
Os resultados do estudo, realizado em conjunto com Matt Brennan, da Universidade de Glasgow, estima que a quantidade de plástico usado para fazer os LPs físicos caiu de 61 milhões de kg nos anos 2000 para cerca de 8 milhões de kg a partir de 2016. Mas a energia necessária para transmitir e fazer o download da música digital, fez com que as emissões de gases de efeito estufa (GEE) aumentassem expressivamente.
O estudo estima que o consumo de música nos anos 2000 resultou na emissão de aproximadamente 157 milhões de kg de gases de efeito estufa.
O objetivo desta pesquisa não é fazer ninguém se sentir culpado por comprar um disco ou ouvir música online. Os principais aplicativos de streaming de música vêm trabalhando para melhorar a sustentabilidade de suas instalações e operações.
Em 2018 uma das principais empresas do setor, a sueca Spotify, publicou pelo segundo ano, o seu relatório público de sustentabilidade onde fala das ações adotadas visando atingir a neutralidade de carbono em suas operações. No relatório, a empresa conta que ao desativar os seus data centers, a redução da pegada de carbono foi de quase 1.500 toneladas.