Um estudo publicado recentemente na conceituada revista científica Science revelou que as ações de conservação ambiental têm se mostrado eficientes para melhorar a biodiversidade e desacelerar o desequilíbrio dos ecossistemas em todo o mundo.

A pesquisa, intitulada “The positive impact of conservation action” (O impacto positivo da ação de conservação), analisou 186 estudos e 665 ensaios realizados em diferentes partes do globo ao longo de 100 anos.

Iniciativas comprovadamente eficazes

De acordo com o estudo, iniciativas como a criação de áreas protegidas, o controle de espécies e a restauração da vegetação nativa se mostraram eficazes em mais de 50% das amostras de pesquisas e em dois terços dos casos analisados.

Além disso, o declínio da biodiversidade, como a perda de espécies da fauna e da flora, foi desacelerado. Os resultados também indicaram que essas ações são eficientes em diferentes localizações geográficas, biomas e sistemas políticos.

Evidências científicas para orientar políticas públicas

Martin Harper, um dos autores do estudo e pesquisador da rede global Birdlife Internacional, destacou que o objetivo da pesquisa é fornecer evidências científicas que possam orientar a construção de políticas públicas e legislações em diferentes países.

Ele enfatizou a importância de os governos traduzirem os compromissos assumidos no Marco Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal, adotado por quase 200 nações em 2022, em estratégias nacionais e planos de ação apoiados por financiamento adequado.

 

O declínio da biodiversidade e a necessidade de mais ações

Apesar dos resultados positivos, o estudo também ressalta o declínio contínuo da biodiversidade, um dado corroborado por outras pesquisas, como a da União Internacional para Conservação da Natureza, que aponta a existência de 44 mil espécies documentadas em risco de extinção.

Para Harper, o volume atual das ações de conservação ambiental ainda é insuficiente para manter o equilíbrio dos serviços ecossistêmicos, o que pode ter impactos significativos na economia mundial na próxima década.

Impactos em países megadiversos como o Brasil

Pedro Develey, diretor executivo da Save Brasil, parte integrante da Birdlife Internacional, destacou que a insuficiência de ações de conservação afeta de forma mais intensa países com grande biodiversidade, como o Brasil. Ele citou as recentes catástrofes climáticas no Rio Grande do Sul como evidência da urgência de investimentos em conservação e restauração ambiental.

A importância das unidades de conservação e territórios indígenas

As pesquisas brasileiras utilizadas no estudo também apontaram a efetividade da criação de unidades de conservação e territórios indígenas na Amazônia a partir da destinação de terras públicas.

Develey ressaltou que, apesar de o Brasil possuir uma legislação ambiental robusta, ainda é necessário efetivar ações como a destinação adequada de terras públicas, a regularização fundiária em áreas privadas e uma fiscalização mais rigorosa sobre o manejo dos biomas.

Ele enfatizou que, com vontade política e apoio da sociedade, é possível alcançar esses objetivos, uma vez que a conservação ambiental é fundamental para a qualidade de vida de todos.

Fonte: Um Só Planeta