A crise hídrica enfrentada pelo país ao longo de 2015 favoreceu o aumento de doenças causadas pelo mosquito Aedes Aegipity (transmissor da dengue, zika e chikungunya). No início do ano, o país apresentou crescimento de 57,2% dos casos de doenças transmitidas pelo mosquito, foram registrados 40.916 casos contra 26.017 no mesmo período do ano passado. São Paulo, principal estado que enfrentou a crise, também foi o maior local de ocorrências, sendo responsável por 47% dos registrados no país.
Esse aumento pode ser, em partes, justificado pela crise hídrica, uma vez que muita gente criou reservatórios domésticos. Isso ocorre porque o mosquito coloca seus ovos em água limpa e parada, sendo assim, qualquer local e objeto servem de criadouro, seja um pneu grande, um balde ou mesmo uma tampinha de garrafa. Onde houver o mínimo de água com esses aspectos, é grande a chance de proliferação.
“Os focos do mosquito quase sempre estão em áreas habitadas e com acúmulo de água de chuva. Portanto, o cidadão deve ter consciência para eliminar em casa, no quintal, ou em terrenos vizinhos, qualquer fonte de acumulação”, alerta Felipe Brasil, engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia e Ciência do Solo e atual assessor de Meio Ambiente do CREA.
Como superar a crise hídrica sem prejudicar a saúde?
Segundo o especialista, alguns cuidados básicos são necessários para quem tem um reservatório doméstico: é fundamental cobrir com tampas os recipientes onde se encontra a água armazenada (caixa d’água, tambores, baldes, por exemplo) e, em última hipótese, cobrir com tela (mosquiteiro). “Mas tem de ser tela muito fininha para conter a entrada do mosquito”, alerta Brasil. Além disso, evite qualquer exposição de água parada a céu aberto. O especialista pensa que uma boa alternativa seja reservar a água em garrafas PET bem fechadas, ou galões de 5, 10 ou mais litros que possuam tampa.
“Qualquer água reservada (parada) deverá estar acondicionada em recipientes fechados (vedados), pois é na agua parada que será feita a postura dos ovos do mosquito. A principal sugestão é nunca ter água armazenada a céu aberto e exposta à postura das fêmeas do mosquito”, advertiu Brasil.
Registros de contágio são alarmantes
No Brasil, o Aedes Aegypti é popularmente conhecido como mosquito da dengue, no entanto, ele também é responsável pela chikunguia e zika vírus, este último descoberto recentemente.
Essas doenças podem trazer complicações severas. A dengue, por exemplo, pode levar à morte. O zika vírus pode comprometer a formação de bebês caso uma mulher grávida seja picada pelo mosquito, causando microcefalia nas crianças em gestação – até 5 de dezembro de 2015 foram registrados 1.761 casos suspeitos de microcefalia em 422 municípios de 14 unidades da federação, segundo o Ministério da Saúde. Já a chinkuguia pode ocasionar deformidades articulares, mesmo em pessoas jovens, e deixar sequelas para o resto da vida.
Síndrome de Guillan Barré
A síndrome de Guillan Barré é uma doença neurológica que paralisa os membros inferiores do corpo, podendo atingir também segmentos superiores, levando, inclusive, a situações de gravidade como a paralisia da respiração. A sua relação com o zika vírus ainda está sendo estudada.
Só em 2015 foram 64 casos registrados e, apesar de não haver dados disponíveis sobre anos anteriores, o número mais do que dobrou em apenas cinco meses: em julho, havia 29 casos confirmados.