O calendário para contagem do desmatamento na Amazônia terminou em julho e, de acordo com dados do governo, o número de alertas de degradação cresceu 68% nos últimos 12 meses, o maior índice verificado em seis anos. O período oficial de medição compreende os meses de agosto de 2014 a julho de 2015.
A área desflorestada foi de 5.121km², enquanto que no calendário anterior, entre 2013 e 2014, 3.036km² foram devastados. O desmatamento atual equivale a, aproximadamente, 3,5 vezes o tamanho do município de São Paulo, com 1.522 km².
Divulgadas no último dia 31 de agosto, essas informações foram obtidas pelo Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que fornece ao governo federal os dados sobre as áreas degradadas na Amazônia Legal.
Os estados que lideram a lista com maior índice de desmatamento são o Mato Grosso (35%), Pará (cerca de 30%) e Rondônia (15%). Atualmente, o desflorestamento é a principal fonte de emissões de gases do efeito estufa no Brasil.
Em abril, os dados indicavam a tendência de que o nível de desmatamento da floresta por fogo ou corte, seria maior, pois, até aquele momento, os alertas do Deter já somavam 90% do número total de 2014. Isso sem contar com o período mais crítico, que vai de maio a julho.
Sistemas de monitoramento
Mesmo sendo feito pelo Inpe, o levantamento do Deter é considerado um indicador para a taxa do desmatamento no Brasil. O resultado oficial é feito por outro sistema do mesmo instituto: o Prodes. Isso porque, enquanto os sensores dos satélites usados pelo Deter são menos precisos, estão mais sujeitos a dificuldades de detecção e captam apenas áreas de, no mínimo, 25 hectares. Além disso, os equipamentos utilizados pelo projeto Prodes fazem uma comparação mais detalhada das imagens, além delas terem maior resolução e conseguirem mapear degradações de, ao menos, 6,25 hectares.
O balanço do monitoramento do Prodes é publicado anualmente e usado pelo governo brasileiro para o estabelecimento de políticas públicas. O próximo levantamento oficial será divulgado em novembro de 2015, a tempo para a Convenção Mundial do Clima de Paris, quando 90% das informações entre agosto de 2014 e julho de 2015 terão sido analisadas pelo Inpe. Entretanto, os dados consolidados são apresentados apenas no primeiro semestre do ano seguinte.