Os mexicanos são os melhores do mundo para cantar despedidas. Já o dizia a rancheira de Ana Gabriel:
“Dicen que no se siente la despedida
dile a quien te lo dijo que eso es mentira
mentira ingrata de un ser que se adora
si hasta (até) se quiere, y hasta se añora (sente falta) “
O América Verde começou na garagem de casa, com minha parceira, Marina, me ajudando a carregar as malas, ambos com os olhos molhados. Estava na hora de abandonar São Paulo a caminho das Américas pela parte mais esquecida pelos governantes e políticos paulistas: o Vale do Ribeira.
Ironicamente, esta região é também uma das mais belas do estado. Cruzando as montanhas que fazem divisa com o Paraná, podemos encontrar vários parques estaduais dignos de serem visitados: o Petar, o Parque Carlos Botelho, o Parque Intervales. A estrada tem 476 curvas (e um número similar de buracos) e é um grande atrativo para os motoristas que as percorrem.
Para chegar aqui o melhor é ir até Apiaí, capital da comarca e cidade com melhor infraestrutura devido ao seu antigo esplendor industrial e por ser a capital paulista do tomate. Embora hoje seja pobre e um tanto deprimida, desde daqui podem se visitar todos os parques ou simplesmente curtir as curvas e as vistas gratuitas do seu veículo.
Sou engenheiro e parte importante desta viagem é entender como pequenas comunidades conseguem se fornecer dos recursos básicos como eletricidade, água, telefone, internet.”
Internet via satélite para a comunidade
Sou engenheiro e parte importante desta viagem é entender como pequenas comunidades conseguem se fornecer dos recursos básicos como eletricidade, água, telefone, internet. Para conseguir isto, os professores de escolas rurais são uma fonte valiosíssima e assim foi o que aconteceu com o diretor da Escola Estadual Comendador Toshimaro Kacuta, Mauro. No meio da serra do município de Guapiara, o diretor Mauro nos explicou como seus 250 alunos, filhos de trabalhadores rurais, podem acessar a internet graças ao modem por satélite que a escola tem, já que a maioria deles não possui eletricidade nas suas casas e a escola nem telefone tem.
Poucos trabalhos merecem tanto respeito como o de professores rurais como o Mauro.
Bolo de banana, cafezinho e um pouco do verdadeiro sertanejo
A SP-250, conhecida como Rastro da Serpente, une São Paulo com o Paraná. A paisagem muda cruzando o estado, passando a predominar as plantações de pinus e as casas construídas com esse material. Paramos para saborear um delicioso bolo de banana caseiro e um café feito na hora por uma família paranaense bem simples e pobre, mas de uma simpatia sem tamanho, na beira da estrada. O vovô nos deleitou tocando um sertanejo antigo no seu violão. Quando lhe perguntei sobre o que achava do sertanejo universitário, ele me disse que esse tipo de música não é o Sertanejo, que era uma “coisa eletrônica, daquelas modernas”.
FIEMA
Continuei rapidamente rumo ao Rio Grande do Sul para poder acompanhar ao FIEMA –Feira Internacional de Tecnologia para o Meio Ambiente, na cidade de Bento Gonçalves, onde queria fazer alguns contatos entre os fabricantes de equipamentos para reciclagem e de micro usinas solares e eólicas. Tive sorte e consegui o contato de uma empresa que fabrica pequenas usinas elétricas que funcionam com energia renovável instalada em pequenos reboques, que podem ser transportados facilmente a qualquer parte. Já imaginou quantos benefícios isso poderia trazer a uma comunidade como a do Diretor Mauro?
Na próxima matéria viajamos até Cambará do Sul – RS, terra de cânions, belezas naturais e gauchismo puro. Bueno !!